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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

“Sabia que a minha carreira tinha acabado, mas ainda não podia tirar o dorsal”

Aos 25 anos, Campbell Flakemore, já não corre desde 2015 e teve uma carreira profissional que durou 1 época. 
Neste momento trabalha numa empresa de arquitetura e vai voltar à universidade em 2018. 
Entretanto também começou um blog com um amigo, e hoje fez uma descrição incrível dos anos 2014 e 2015, que vamos passar a contar.

Ponferrada, 22 de Setembro de 2014, dia em que Campbell Flakemore foi campeão do Mundo de sub-23 de contra-relógio por apenas meio segundo sobre Ryan Mullen, com Stefan Kung a ficar em 3º e Rafael Reis em 4º. 
O caminho para esse momento foi tortuoso para Flakemore, após ajudar a selecção australiana a ter uma incrível Volta a França do Futuro, com Caleb Ewan e Robert Power ao leme, tendo inclusivamente ganho o prólogo, garantiu a presença nos Mundiais graças a uma vitória numa competição preparatória para esses mesmos Mundiais.

Antes disso, Flakomore conta como “ciclismo é um desporto de equipa, mas quando os companheiros de equipa são os teus amigos adiciona outra camada, consegues sofrer muito mais” e que “o sentimento que teve na segunda parte de 2014, nunca mais seria sentido”, pois nutria uma sincera amizade com colegas de selecção.

Pois bem, 2 dias antes da prova em que se viria a sagrar campeão mundial da categoria, a BMC contactou o seu agente, com uma proposta de contrato. 
Flakemore estava na dúvida sobre se iria correr em 2015, devido a saturação do desporto, mas essa chamada mudou a perspectiva. 
O australiano até tinha marcado viagens para final de 2014, pensando no abandono da modalidade, mas cancelou-as e foi estagiar com a equipa.

Começou 2015 em boa forma, mas o azar bateu-lhe à porta do Tour Down Under, quando caiu a 50 km/h na vinda para o hotel depois de uma etapa em que andou em fuga. Menciona que “fracturei a clavícula e nesse momento, sabia que tinha sido o fim da minha carreira como ciclista” e que teria ajudado a equipa a defender a liderança de Rohan Dennis, mas no entanto “estava deitado na cama a comer pizza e barbecue”.

Após uma recuperação complicada e dificuldades de arranjar um apartamento na Europa, onde a equipa se baseava, participou em provas na Bélgica e Holanda, onde sentiu imensas dificuldades “lembro-me de ficar para trás e correr 10 quilómetros sozinho. 
Estava imenso frio e pensei para mim mesmo, que estou aqui a fazer?”.
 Só que as coisas foram de mal para pior, após ter desenvolvido uma boa relação com o treinador, Marco Pinotti, viu mudarem-lhe o planeamento de treinos, nunca tinha falado com o novo treinador e não se estava a dar bem.

Aqui, visivelmente a motivação era já muito pouca, tanto que refere que “depois de chegar a casa, após o Tour de Romandie, tinha 4 dias antes de voar para San Francisco para a Volta a California. Passei 4 dias seguidos a comer batatas fritas e a jogar FIFA”. 
Finalmente, na Volta a Bélgica, no final de Maio, falou com o Director Desportivo, Allan Peiper, dizendo que estava a considerar abandonar o ciclismo, depois de mais uma prova que correu muito mal. Peiper disse para ele aplicar-se mais uns meses e depois avaliar a situação.

A data limite era a Clássica de Hamburgo, naquela que viria a ser a última prova como profissional para Campbell Flakemore. 
Nunca competição onde também estiveram Greg van Avermaet e Philippe Gilbert, o australiano disse a Peiper que era o fim da linha para ele, “foi a coisa mais difícil que já fiz, mas o maior peso de sempre foi levantado dos meus ombros, há muitos meses que não me sentia livre”.

Este é, de facto, um relato impressionante feito por Campbell Flakamore, uma promessa que abandonou o ciclismo aos 23 anos, depois de 1 título mundial. 
O blog que ele, e um amigo criaram, chama-se stanleystreetsocial.com e é lá que é possível aceder a este texto escrito pelo próprio Flakomore. 
O australiano diz ainda que “nunca que arrependi da minha decisão de abandonar o ciclismo profissional, ainda bem que o fiz quando fiz, mas nunca deixei de amar o desporto, ainda fico acordado horas a fio a ver provas e isso nunca irá mudar. 
O ciclismo deu-me tudo o que tenho e, sem ele, estaria perdido”.
MM

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