Sabe quantas bicicletas usam, num dia comum, as ciclovias construídas em Lisboa?
O vídeo que lançámos hoje não é sobre bicicletas.
É sobre prioridades.
É sobremobilidade.
E numa cidade com sete colinas a questão da mobilidade não passa pela construção desenfreada de ciclovias.
Nos últimos anos o executivo repetiu à exaustão lugares comuns sobre “os novos paradigmas da mobilidade”.
Os mesmos que alguns vão plagiando por aí.
Nos últimos anos gastámos milhões a construir estradas para bicicletas e a comprar bicicletas. Nos últimos anos foi assim.
Em nome dos “novos paradigmas na mobilidade” fez-se tudo isso.
E, ao mesmo tempo, circular na cidade nunca foi tão doloroso.
E, ao mesmo tempo, os transportes públicos nunca estiveram pior.
Entre obras, engarrafamentos, alterações semanais de sentido e desinvestimento nos transportes público a cidade nunca esteve pior. Nunca foi tão caro viver em Lisboa e nunca Lisboa esteve pior.
Há milhares de lisboetas que pagam os seus impostos e não têm acesso a um simples bilhete de metro.
Há milhares de lisboetas que pagam os seus impostos e continuam sem estar servidos por um autocarro.
Há milhares de Lisboetas que pagam os seus impostos e, pura e simplesmente, não conseguem circular dentro da cidade. Mas fizemos ciclovias.
Mais de 200 quilómetros de ciclovias.
Não conseguimos circular na cidade e os transportes públicos não funcionam.
Mas somos “modernos”.
O executivo que gasta mais de 20 mil euros por bicicleta é o mesmo que negligencia o transporte público de proximidade criado pelas juntas de freguesia.
Mas somos “modernos”.
O executivo que se gaba das suas ciclovias é o mesmo que prefere estar calado em relação à deterioração acelerada do metro. Mas somos “modernos”.
O executivo que quer endividar a Carris em milhões de euros é o mesmo que obriga todos os lisboetas a pagarem parquímetro cada vez que estacionam no seu local de trabalho. Mas somos “modernos”.
Não temos nada contra as bicicletas.
Nada contra as ciclovias.
E é sempre mais fácil ser politicamente correto.
É sempre mais fácil sermos “modernos”. Mas nós acreditamos que as cidades são para se viverem.
E que os impostos que pagamos mais do que justificam qualidade de vida.
E qualidade de vida é mensurável em temas como a segurança, a limpeza urbana e, também, a mobilidade.
A mobilidade de todos. Mesmo daquela esmagadora maioria que, por uma razão ou por outra, não se pode dar ao luxo de andar diariamente de bicicleta.
Que tem de se deslocar em transportes públicos ou nos seus carros.
Especialmente desses.
É uma questão de prioridades. Tudo o resto é relevante, mas complementar. Importante, mas secundário.
O vídeo é polémico?
Ainda bem.
Pode ser que assim se discuta a mobilidade.
Primeiro que tudo, não sou adepto de partidos, mas sim de pessoas.
MM
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