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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

À descoberta de Portugal em duas rodas.

E com muito requinte.
Bike in Portugal 3
A fasquia é colocada bem alta, quando lhe chamam “a viagem da sua vida” por Portugal com o que o país tem de melhor e mais exclusivo para oferecer.
Mas de bicicleta, com auxílio elétrico.
Os responsáveis da empresa Bike in Portugal não pestanejam quando afirmam que proporcionam aos seus clientes a melhor maneira de viajar por Portugal com acesso a tudo o que de melhor por cá se pode oferecer.
Das paisagens, à comida ou à bebida.
E do modo mais prático e funcional.
As bicicletas híbridas que utilizam levam qualquer turista a qualquer local com muito pouco esforço, asseguram.
“Descobre-se um mundo novo”, garante João Lopes, 57 anos, antigo motociclista de enduro, ciclista desde sempre e um dos rostos da empresa que está agora a arrancar com os primeiros programas de viagens.
Bike in Portugal
A Costa Alentejana, o Douro Vinhateiro, o rio Zêzere a Serra de Sintra ou os Açores estão no cardápio.
O lema da empresa que começou a ser desenvolvida há cinco anos Está preparado para a viagem da sua vida?”
Essa tal viagem inesquecível pode começar, por exemplo, em Lisboa, e terminar em Sagres, depois de seis dias a pedalar quase sempre junto ao mar. No primeiro dia pedalam-se 36 quilómetros, os suficientes para da capital até ao Meco, depois de atravessar o Tejo até à Trafaria e de almoçar na praia, em plena Fonte da Telha.
O jantar e a pernoita decorrem na aldeia do Meco.
O dia mais logo será o penúltimo, quando percorrerem os 75 quilómetros de trilhos que levam de Vila Nova de Milfontes a Aljezur.
Bike in Portugal 2
Pelo caminho, está garantido que os turistas-ciclistas provarão os melhores petiscos, apreciarão os melhores vinhos e recuperarão nos melhores alojamentos.
“Mais do que o bom, queremos o mais exclusivo” para os clientes, reforça Teresa Uva, 43 anos, a outra mentora do projeto, onde cuida da comunicação e das relações públicas.
Mas, de bicicleta, não se chega esfalfado ao destino, desesperado por comer e cair numa cama para recuperar a pensar na estafa do dia seguinte?
Não!, respondem convictamente os dois empresários.
João Lopes dá um exemplo concreto da experiência já vivida noutra região do país, o Douro, onde outra viagem de cinco dias aguarda candidatos a conhecer a região classificada como Património Mundial pela UNESCO desde 2001.
O terceiro dia tem uma longa tirada de 85 quilómetros e um acumulado de desnível ascendente brutal, superior a 2600 metros, qualquer coisa como subir cinco vezes da praia do Guincho ao alto da Serra de Sintra. “Um grupo de pessoas entre os 60 e os 70 anos levaram 03:37 horas” a cumprir a distância, garante o empresário.
“Andar numa bicicleta híbrida é como nadar com barbatanas”, sintetiza João Lopes. Com uma autonomia de auxílio que pode chegar aos 100 quilómetros no modo mais económico, os velocípedes de BTT com auxílio elétrico, tal como os destinados às cidades, permitem cumprir a mais inclinada das subidas com o mesmo esforço despendido a pedalar em terreno plano.
Na prática, quase nenhum.
Daí que, garantam os responsáveis da Bike in Portugal, qualquer das viagens que propõem pode ser realizada por quem anda normalmente de bicicleta, sem necessidade de qualquer preparação especial.
Além dos melhores hotéis, dos melhores restaurantes e das melhores experiências, o requinte estende-se a pormenores elaborados. Um caso ocorre na tal viagem pelo Douro.
A determinada altura, os turistas-ciclistas percorrem o caminho que a personagem Jacinto, do romance de Eça de Queirós “A Cidade e as Serras”, fez a pé entre a estação de comboio e Tormes, quando regressa de Paris.
Chegado a casa, come frango alourado, que também constitui o jantar dos ciclistas nesse dia. No final, cada turista recebe um exemplar da obra literária.
Bike in Portugal 4
Pejados de pormenores, que foram sendo preparados ao longo dos cinco anos que a empresa demorou a elaborar a dezena de programas que apresenta aos clientes, os programas têm, forçosamente, preços bastantes superiores aos praticados no turismo tradicional.
A viagem pelo Douro custa 3.500 euros por pessoas e a viagem até Sagres fica por 3.750 euros.
Ao requinte do programa, associa-se o baixo número de integrantes de cada grupo: mínimo de quatro e máximo de oito, acompanhados de um guia a tempo inteiro e da restante logística.
Apoiado pelo Turismo de Portugal e por fundos europeus, o projeto Bike in Portugal alcançou a melhor nota entre os projetos candidatos ao IV Quadro Comunitário.
A funcionar apenas desde meados deste ano, os primeiros números de clientes não são divulgados, apenas as estimativas, que, no caso de 2017, apontam para entre 600 a 700 turistas, todos estrangeiros.
“Se vierem portugueses, como desejamos, serão um acréscimo” àquela perspetiva, revela João Lopes.
Dos estrangeiros, as nacionalidades que se destacam entre os cleintes do operador português são os brasileiros e os suecos. E já apareceram repetentes, garantem, o que é um bom indicador de quem experimentou, quer repetir.
MM

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