Cicloturistas percorrem cordilheira que divide França e Espanha.
Todo ano reservamos nossas férias para viajar de bicicleta.
Comparado com outros modos de viajar não percorremos uma grande distância, são cerca de 1.000 quilômetros.
Mas em compensação, sabemos que vamos conhecer muito bem o trecho que escolhermos.
Além das viagens de bicicleta, as montanhas sempre nos atraíram, pela beleza e pelo isolamento que trazem consigo. Foto: arquivo pessoal
De bicicleta vamos percebendo pouco a pouco as mudanças da vegetação, da arquitetura, dos sabores, cheiros e cores, assim como das paisagens e também das pessoas.
Estando atento, nada escapa da observação de um cicloturista curioso.
Além das viagens de bicicleta, as montanhas sempre nos atraíram, pela beleza e pelo isolamento que trazem consigo.
Em geral são locais de natureza e cultura mais preservados também. Juntando tudo isso, o resultado é que sempre acabamos escolhendo roteiros de montanhas para viajar de bicicleta.
O despertar para esta travessia Transpirenaica surgiu em 2011, quando fizemos o Caminho de Santiago. Foto: arquivo pessoal
O despertar para esta travessia Transpirenaica surgiu em 2011, quando fizemos o Caminho de Santiago.
No primeiro dia de pedalada cruzamos os Pireneus, em direção à localidade de Roncesvales.
Ficamos maravilhados e com a certeza de queríamos mais Pireneus e que voltaríamos algum dia, porque aquela tinha sido somente uma amostra.
Descobrimos então que era possível não só cruzar a cadeia de montanhas dos Pireneus de um lado para o outro, mas percorrê-la de ponta a ponta, em uma travessia.
Os Pireneus fazem toda a divisa entre a França e a Espanha, indo desde o Mar Mediterrâneo até o Mar Cantábrico.
Não teríamos tempo de fazer o trajeto todo, então escolhemos o trecho de montanhas mais altas (às vezes parece masoquismo, mas não é, gostamos mesmo de uma boa subida e sua deliciosa companheira, a descida).
Os Pireneus fazem toda a divisa entre a França e a Espanha, indo desde o Mar Mediterrâneo até o Mar Cantábrico. Foto: arquivo pessoal
Apesar do desafio físico das longas subidas, o percurso foi a maior parte por asfalto, o que facilita um pouco em relação à estrada de terra.
Aliás, uma observação em relação aos motoristas espanhóis é que só temos elogios, são nota 10 quanto ao respeito ao ciclista.
Em cada viagem procuro sintetizar e buscar o que a define em uma só frase ou palavra. Esta posso dizer que foi “a viagem das paisagens fantásticas e surpreendentes”.
Ao chegar ao topo de cada pico nos deparávamos com uma paisagem diferente. Sempre parávamos e ficávamos admirando, chocados com tanta beleza.
Em um dos dias, resolvemos parar a pedalada com apenas 20 quilômetros percorridos, era tanta emoção e beleza que precisávamos de um tempo para processar tudo aquilo.
Foi engraçado por que tivemos a mesma sensação tanto eu quanto o Rodrigo, ao mesmo tempo. Sintonias que a viagem vai proporcionando.
Apesar do desafio físico das longas subidas, o percurso foi a maior parte por asfalto, o que facilita um pouco em relação à estrada de terra. Foto: arquivo pessoal
Foi uma viagem tão bela quanto dura. Optamos como de costume por acampar e cozinhar porque gostamos da vida ao ar livre, de estar sempre o mais próximo da natureza possível. Mas isso acarreta em bastante bagagem e peso a mais.
Esse peso a mais, em uma subida longa, significa que você vai precisar de muita paciência para terminá-la. Força nem tanto, pois há marchas suficientes disponíveis em uma bicicleta mountain bike. Então, sempre colocamos a marcha mais leve desde o início da subida e vamos fazendo a ascensão sem pressa. Não se trata de pensar em “vencer” a subida, mas sim de encará-la com naturalidade, como parte do caminho. Assim como o sol forte ou os dias de chuva, que também se enfrenta em uma viagem de bicicleta.
Passamos 20 dias pedalando entre as serras e vales dos Pireneus. Foto: arquivo pessoal
Passamos 20 dias pedalando entre as serras e vales dos Pireneus.
Sei que algumas lembranças e emoções vamos guardar por toda vida. Como acampar sob as árvores de nozes e avelãs (e saboreado suas castanhas diretamente do pé), poder ver o sol nascer no Parque Nacional do Alto Pireneu, conseguimos chegar ao cume nevado do Monte Perdido, enfrentamos subidas de 25 quilômetros, descemos por horas cruzando cânions e acompanhando rios de azul turquesa, fizemos amigos de todos os tipos e idades, conhecemos cicloturistas de muitos países, cozinhamos e saboreamos cogumelos recém colhidos na mata, vimos o eclipse de uma super lua no alto da montanha, e o principal, tivemos um tempo para ficar sem chaves nem senhas, guiados somente pelo tempo da natureza, presos somente ao horário do sol e do frio.
Antes mesmo de voltar já estávamos de olho no lado francês da divisa, pensando em futuras viagens. Pireneus, nos aguardem que voltaremos! Enfim, recomendamos os Pireneus a todos que gostam de viagens de bicicleta e montanhas.
MM
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