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domingo, 8 de outubro de 2017

Ciclistas são retratadas em fotos sensuais para defender a liberdade feminina.

‘Sobre quadros’, de Luisa Ranieri discute a liberdade feminina do próprio corpo e escolhe a bicicleta como objeto da luta por igualdade. Fotos foram censuradas de exposição em Minas, mas uma nova mostra foi criada
Fotos: Luisa Ranieri
Qual a relação entre a bicicleta e o empoderamento das mulheres? Para a fotógrafa Luisa Ranieri, o meio de transporte representa uma forma de ocupação do espaço público pelo gênero. Ela resolveu então unir esse entendimento à liberdade do uso do próprio corpo, na luta feminina por igualdade de direitos. O resultado é o projeto ‘Sobre quadros’.
A proposta da fotógrafa é retratar ciclistas, revelando o universo particular e a identidade de cada uma. As foto sensuais são intimistas e revelam a intimidade da retratada, unindo a paixão pela bicicleta e a vontade de revelar o próprio corpo da maneira que deseja. Sete mulheres já posaram para o projeto, que ganhou uma versão na web e promete abrrr espaço para mais personagens.
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“Também sou ciclista e sei como é difícil ser mulher em cima da bike. Escutamos ainda mais abusos. Por isso quis unir as duas ideias: uma maneira de se impor e questionar o que é ser mulher, ciclista na cidade”, conta Luisa ao Autofocus Brasil.
Atuando na fotografia de gestantes e ensaios femininos, a publicitária e fotógrafa de 27 anos utilizou da sua linguagem sensual para retratar as moças, selecionadas numa comunidade de ciclistas de Belo Horizonte. “Deixei as interessadas à vontade e não obriguei ninguem a nada. Algumas foram mais nuas, outra não. Ficou a critério de cada uma. O objetivo é celebrar as ciclistas como mulheres”, conta.
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Exposição censurada
Apesar dos ideais da fotógrafa em valorizar o empoderamento feminino, teve quem não gostasse nada da ideia. As fotos iriam ser expostas na Cidade Administrativa do Governo de Minas Gerais do dia 08 de março até o final do mês. O ensaio da fotógrafa foi selecionado para exposição alusiva ao Dia Internacional da Mulher.
Porém, no dia da abertura, servidores públicos ficaram indignados com as imagens. O trabalho foi acusado de machista e de objetificar a mulher. As fotos foram censuradas e a exposição cancelada pelo governo.
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“O sensual é uma preferência artística pessoal. É uma forma de mostrar empoderamento do próprio corpo. Ao se revelar assim, você determina como quer se mostrar. Tem quem veja isso como algo degradante ou objetificante. Mas eu acho que o contrário: tem sempre gente querendo falar o que a mulher pode ou não pode fazer. Ao revelar o próprio corpo, mostramos que quem de fato manda no nosso corpo somos nós”, explica.
As imagens foram produzidas num período de dez dias, para dar tempo de entrar na exposição, que acabou cancelada. As fotos foram produzidas na casa das fotografadas e cada retrato teve seu desafio particular. “Tive que pensar tudo na hora. As vezes a casa era pequena, não tinha opção de canto, mas dei um jeito e no final elas adoraram o resultado”, conta Luisa, que é sócia na Hortelã Fotografia. “O que me deu mais força é que me identifico com o tema. Quando você faz uma coisa que te liga, dá vontade de fazer o melhor”, completa.
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Apesar de ter uma porta fechada, repercussão abriu novas janelas para Luísa. O ‘Sobre Quadros’ virou um blog e mais  mulheres estão convidadas a posar para a fotógrafa. Interessadas podem mandar e-mail para fotografia@luisaranieri.com.br As fotos também ganharam outra lugar para serem apreciadas. Elas estão em exposição até 31 de março de 2016 no La Chicas Vegan, um restaurante no Edifício Maletta, no Centro de Belo Horizonte.
Links da fotógrafa:
Site
Facebook
Instagram
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Quatro perguntas para Luisa Ranieri
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– O que representa a fotografia para você?
A fotografia para mim, é uma forma de expressão poderosa. Com ela posso mostra
Luísa Ranieri também é ciclista e quis mostrar o empoderamento das mulheres sobre as magrelas. Foto: Carlos Hauck/Divulgação
– Quais são suas influências no universo da fotografia ou demais artes?r um pouco da minha visão do mundo, o que vejo de feio de belo, de interessante.
Diane Arbus, Annie Leibovitz, Dorothea Lange, Steve McCurry, Robert Doisneau, Frida Kahlo, MC Escher.
– Como você vê a fotografia nos próximos anos?
Vejo como ela já é. Será sempre uma forma de expressão. Por ter se popularizado demais nos últimos anos, acredito que isso abriu muito espaço para vários fotógrafos descobrirem e explorarem sua visão. Hoje muita gente é fotógrafa de celular, e isso também tem seu valor. Acredito que na arte sempre há espaço para todos se expressarem.
– A fotografia tem sido utilizada como forma de denúncia na mídia alternativa e movimentos sociais. A fotografia é sua arma na luta pela igualdade de gêneros?
É uma das armas. Minha indignação é minha maior arma. A luta pela igualdade de gêneros depende disso. Sinto que enquanto nos sentirmos incomodadas, abusadas, invadidas, teremos força para lutar. É isso que me move.
Nota do editor:  Autofocus Brasil repudia de forma veemente qualquer tipo de censura à liberdade artística  e de expressão e manifesta solidariedade com a fotógrafa e personagens afetados.

‘Sobre Quadros’ é o oitavo ensaio divulgado no Autofocus Brasil
Já passaram por aqui ‘Grandes Mulheres da História’, de Isis Medeiros,  ‘Book Sensual com jovem mãe’,  ‘Pais e Filhos e o Time do Coração’,  o ‘E-session no Bloco de Carnaval’ de Valwander e os ‘Pescadores da Pampulha’, de Felipe Muniz. Já foram divulgados o ‘Um dia em cem anos’ de Ivna Sá, enquanto Guilherme Leite apresentoufotos sensuais em lugares abandonados.

Quer ver seu ensaio aqui? Mande email para autofocusbrasil@gmail.com

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Em: http://blogs.uai.com.br/autofocus/ensaio-ciclistas-sao-retratadas-em-fotos-sensuais-para-defender-liberdade-feminina/
MM

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