Os salários dos atletas profissionais, excluindo os futebolistas, costumam ser um segredo guardado a sete chaves. No ciclismo não é diferente e no BTT ainda menos se fala de quanto ganham os campeões. A publicação eletrónica espanhola ESMTB.com levanta um pouco do véu.
O assunto ganhou fôlego com o rompimento contratual entre um dos mais conhecidos e espetaculares ciclistas de Downhill (DH) do mundo, o norte-americano Aaron Gwin, e a marca Specialized, também dos Estados Unidos, que terá ocorrido por divergências financeiras.
Num país onde o ciclismo todo-o-terreno tem um dos mais importantes mercados a nível mundial, Gwin carrega consigo uma notoriedade extrema conquistada com resultados, a que não serão alheios um talento enorme para dominar a bicicleta nas mais radicais descidas.
Faz parte da nata, o grupo restrito dos que ganham o máximo que um atleta de Downhill consegue levar para casa no final do ano e que a publicação sediada na Catalunha calcula em 400 mil dólares (366 mil euros), embora sem garantias absolutas e citando aquilo que designa por “rumorologia”.
Fora desse núcleo bem remunerado, o grupo dos ciclistas “médios” ao nível do desempenho no BTT já se dará por contente que conseguir viver exclusivamente da prática desportiva, o que nem sempre sucede, e deixa quase de ser possível nos restantes, pese embora se dediquem com afinco à modalidade e façam dele o seu principal objetivo de vida. Neste caso, já é bom que consigam patrocínios que lhes garanta o material e as despesas com as deslocações para cumprirem os calendários internacionais.
O primeiro grupo será formado pelo top-10, os segundos são aqueles que preenchem o resto do top-25 e os terceiros os que não conseguem melhor que os lugares dali até ao fim da tabela.
Patrocinadores há que optam por pagar em função dos resultados alcançados pelo atleta ou pela repercussão que consegue junto dos media. Um caso apontado é o da marca de óculos Oakley, que aos atletas que patrocina pagava 1000 dólares (920 euros) se aparecessem na capa de uma revista, metade se a sua imagem fosse publicada numa contracapa ou um quarto daquele valor se um seu retrato surgisse em qualquer outro lugar da publicação.
AESMTB.com avança ainda que os patrocínio individuais pagos pelas marcas de bebidas, por exemplo rondarão entre os 20 mil e os 30 mil dólares (18.350 euros a 27.500 euros) por ciclista, nos valores mais elevados.
Com este cenário, serão muito poucos os sortudos praticantes de DH que conseguirão levar para casa no final do ano mais de 100 mil dólares (91 mil euros, por mais de 7.500 euros/mês).
No Cross Country Olímpico (XCO) as coisas não são muito diferentes e campeões de topo como o francês Julien Absalon atingirão os 500 mil euros/ano, situação de topo que nesta modalidade abrange um número ainda mais pequeno de competidores, onde se encontra outros multi-campeões como o suíço Nino Schurter ou o checo Jaroslav Kulhavy, que têm repartido entre si os títulos de campeões do mundo nos últimos anos.
Neste caso, contudo, há mais ciclistas a conseguirem sobreviver devido às subvenções originadas pelo estatuto de modalidade olímpica que abrange competidores dos diferentes países.
Fica assim claro que o ciclismo todo-o-terreno pode ser uma modalidade fantástica para quem consiga meios suficientes para sobreviver da sua prática, proporcionando um estilo de vida muito bom, se comparado com os “primos” do ciclismo de estrada, por exemplo. Os atletas de montanha têm provas bem mais curtas, que raramente duram mais de um dia e nunca ultrapassam uma semana, treinam menos e passam muito menos tempo em cima da bicicleta. Em consequência, também ganham menos.
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