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terça-feira, 6 de agosto de 2013

A bicicleta é a nova melhor amiga da Carolina Torres.


N.A.U. – NOVAS AVENTURAS URBANAS

 
 


Encontrei-me com a Carolina Torres na Praça da Figueira, em Lisboa, num dia mesmo quente para bicicletarmos. Ela chegou já a pedalar e de phones nos ouvidos a delirar com a “Morte aos Ciquelistas” dos Comme Restus. Insuflei toda a responsabilidade do mundo e falei dos perigos de ouvir música e pedalar ao mesmo tempo, lembrando-me simultaneamente que deixei o capacete em casa.

Ali perto, na Rua dos Douradores, fica o restaurante vegetariano TAO, onde o pessoal das bikes que adora gatinhos curte ir. A viagem até lá foi (e continua a ser) curta e tremida — fruto de um piso mal empedrado — e, ainda antes de entrar, procurámos um sinal de trânsito para prender as bicicletas. E eis que a Carolina se lembrou: “Eiiish, não tenho aloquete!” “Não te preocupes, o que tu precisas é de um bom cadeado”, respondi. Ela insistiu no raio do regionalismo e ficámos, parvamente, a discutir os dois sinónimos, confirmados posteriormente por um dicionário online. Prendemos as bikes com o meu cade-aloquete e fomos, enfim, comer.

Depois de um super almoço na companhia de alguns amigos (mais nenhum veio de bicicleta), convenci a Carolina a irmos, num caminho que é sempre a subir, até à Roda Gira. Fomos pela Rua do Carmo, fintámos turistas na Garrett e concluímos o mini-prémio de montanha com uma subida de segunda categoria até à Roda Gira, situada na Rua da Misericórdia, no Espaço Chiado — a Carolina, cheia de gana, mostrou que vai ficar com alto pernão já neste Verão.

Na loja não se pára, com clientes a entrar e a sair e outros só a chatear e a ver o Sota, o dono, montar rodas. A Roda Gira é especializada em bicicletas single speed. Lá, podes comprar componentes e acessórios para a tua bicicleta ao teu gosto ou à medida da tua carteira. Podes ter um guiador com fitas tigresse, pneus amarelos e um selim às riscas. É bem fixe.

A visita acabou por ser útil, porque a Carolina precisava de encher os pneus da sua bicicleta e o pessoal vibrou ao vê-la a dar à bomba. Decidi mostrar-lhe outro sítio onde gosto de levar a Carabina (é claro que a minha bina tem um nome) e, durante o caminho, apontei-lhe outros postes fixes para deixar a bicicleta presa — sítios bem iluminados e pouco escondidos para evitar que os maus nos saquem as babes. Enquanto falava mal dos buracos na estrada, a Carolina confessou que era a primeira vez que andava de bicicleta na baixa lisboeta e que tinha medo dos carros. Engasguei-me e disse-lhe que “os grandes inimigos são os carris”. E é verdade: todos os bikers que conheço já caíram por causa deles, incluindo eu.



Subimos lentamente a Avenida da Liberdade — a curtir o calor e a fazer uns vídeos de smartphone — até ao Marquês de Pombal. Prometi-lhe que seria a última subida. Na rotunda, disse à Carolina que ali, em todas as últimas sextas-feiras de cada mês, há Massa Crítica, um evento que ocorre a nível mundial onde ciclistas (e não só) se reúnem para um passeio em conjunto pela cidade. Acrescentei que o mais fixe é dar voltas à rotunda: “Estás nessa, miúda?” Ela arrancou à minha frente e só parou depois de uma volta inteira. Foi bestial, uns gajos num carro até lhe sacaram umas fotos.

À saída do Marquês, e ao contrário do prometido, ainda nos esperava uma via ligeiramente inclinada (ooops!) — foi aí que a Carolina me lançou raios pelos olhos. Calma, “estamos quase a chegar a uma ciclovia direitinha e cheia de cervejas frescas”, disse eu, que até nem gosto de cerveja. “Devia ter comprado a tal garrafa de água ao almoço”, respondeu a Carolina, que também não gosta de cerveja. Apanhámos a ciclovia no Saldanha — que vai da Avenida Duque de Ávila até ao muro dos jardins da Gulbenkian — e, durante o percurso, tentámos não atropelar velhotas nem chocar contra os carrinhos de bebé ou mulheres de saltos altos que teimam em andar nesta faixa, aparentemente mais confortável que a bonita calçada portuguesa.

No fim da avenida, esperava-nos o Velocité Café, um dos sítios mais bike-friendly da cidade, um café que também é loja e uma oficina. Tem um estacionamento porreiro à frente da esplanada e quem for de bina tem direito a dez por cento de desconto no que consumir. Bebemos uns sumos naturais (com desconto!) e fizemo-nos à estrada — ou à ciclovia neste caso, a caminho da Avenida Almirante Reis, onde tentámos comprar umas camisolas de ciclista em segunda mão na Outra Face da Lua. Sem sorte, descemos a toda a velocidade até à Velo Culture, outra bonita loja de bicicletas, situada na Rua Santa Bárbara, onde estava o António, o homem da casa, na pausa para uma cerveja (ele sim, gosta). A Carolina experimentou uns chapéus de ciclista e babou-se toda por umas bikes que lá estavam à venda enquanto eu gozei, pela sexagésima vez, com a Carolina: “A tua bicicleta é mesmo feia!”



Em jeito de despedida, passámos pela RDA aka Cicloficina dos Anjos, uma associação situada logo ali ao lado, no Regueirão dos Anjos — é um dos sítios mais antigos onde o pessoal se junta para consertar as babes de metal. Eu e a Carolina ficámos sócios e ela finalmente bebeu o seu tão desejado copo de água.


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