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terça-feira, 28 de junho de 2016

Como minimizar o efeito do BTT na natureza.

As condições naturais de que Portugal dispõe podem transformar a prática do ciclismo todo-o-terreno ou de montanha numa das principais ofertas turísticas do país.
A massificação do uso das bicicletas em zonas mais sensíveis do ponto de vista ambiental, e das mais procuradas, podem ter um impacto que é necessário enfrentar e diminuir.
Há cientistas portugueses a trabalhar no tema e na próxima  segunda-feira vão estar em  Lisboa dois especialistas mundiais na matéria.
As serras da Arrábida e de Sintra e o Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa, são os destinos principais dos praticantes de ciclismo fora de estrada na região da capital portuguesa. Atentos a essa realidade, os investigadores do e-GEO – Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa partiram para o terreno para avaliar as consequências dos ciclistas no meio ambiente e determinar como se pode conciliar uma atividade desportiva cada vez mais popular com as sensibilidades da natureza.
Arrábida BTT1
Um passo primordial é saber quantos atletas andam pelos caminhos e trilhos.
Os equipamentos à disposição, que contam quem passa num determinado local de um trilho onde só ciclistas se aventuram, apontam, por exemplo,  para que no Trilho dos Moinhos, à saída de Palmela em direção à Arrábida, passaram 58.700 ciclistas nos últimos três anos.
Como o equipamento permite contar as passagens por hora, o recorde até ao momento é de 157 ciclistas em 60 minutos e o máximo por dia foi de 317 atletas, enquanto numa semana o valor maior foi de 790, atingidos em outubro de 2013, na semana do feriadode 05 de Outubro.
Apesar desta contagens, o biólogo do e-GEO Ricardo Mendes calcula que os ciclistas contados pelos sistema num único ponto da Arrábida registará apenas um terço dos ciclistas que vão fazer BTT para aquela serra, localizada nos concelhos de Setúbal, Palmela e Sesimbra,
“Num domingo bom, há mil ciclistas a fazer BTT na Arrábida”, calcula o investigador
Em Portugal ainda não se realizaram estudos aprofundados, mas já foram feitos noutros países, nomeadamente pela australiana Catherine Pieckering, licenciada em ecologia vegetal e professora na Universidade de Griffith, na Austrália, que tem acompanhado projetos de turismo sustentável e recreativos, onde encaixa o BTT, em áreas protegidas, particularmente na Austrália e na América do Sul.
Sintra BTT
Quando se pretende ter uma ideia do efeito que os ciclistas provocam no meio natural onde se deslocam, um dos casos apontados, refere ao Pedais.pt o investigador Ricardo Mendes, é o resultado de um estudo da cientista australiana que vai estar na segunda-feira em Lisboa: 25 passagens de bicicleta num prado (um dos ecossistemas mais vulneráveis) produzem, ao fim de um ano, consequências na compactação do solo, tornando-o mais duro e menos apto a desenvolver vegetação, perda de biodiversidade, com o desaparecimento de algumas espécies de plantas, redução da massa vegetal (quantidade e volume de plantas produzidas) e dispersão de espécies exóticas por as sementes serem arrastadas pelas rodas das bicicletas.
O outro convidado do colóquio que se vai realizar na segunda-feira na Federação Portuguesa de Ciclismo é o norte-americano Leung Yu-Fai, professor professor no Departamento de Parques, Recreio e Gestão de Turismo da Universidade Estadual da Carolina do Norte, que tem estuda o impacto do turismo nas áreas classificadas pela sua importância ambiental.
Em: Pedais.pt

MM

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