Rui Vinhas… de gregário a líder!
A 78ª Volta a Portugal Santander Totta terminou este domingo, em Lisboa, após uma jornada de emoções que confirmou Rui Vinhas como o “Rei da Volta”. Para a derradeira etapa estava em discussão um contrarrelógio de 32km entre Vila Franca de Xira e a capital onde o segundo classificado, Gustavo Veloso, entrava como favorito. Se é verdade que o galego venceu, e bem, a luta contra o cronómetro com 47 segundos sobre o segundo melhor registo, também é certo que o resultado não foi suficiente para anular a desvantagem (2’25’’) que trazia para o líder e companheiro de equipa na W52-FC Porto. Gorou-se o “tri” que Veloso perseguia depois das vitórias de 2014 e 2015.
Cinco anos depois, o vencedor da maior competição do ciclismo nacional voltou a ser português. Camisola Amarela desde a terceira etapa, Rui Vinhas fez a quarta melhor marca do crono com mais 54 segundos e terminou a prova com uma diferença de 1’31’’ sobre Veloso. Daniel Silva (Rádio Popular-Boavista) fechou o pódio da Volta 2016 a 2’49’’. Ainda sem acreditar no que estava a acontecer, Rui Vinhas explicou como foi o último dia de competição. “A certa altura não acreditava nas indicações de tempo que me chegavam do carro. O meu pensamento foi dar o máximo. Vim sempre no limite e cheguei sem forças nenhumas”, disse o vencedor da 78ª Volta a Portugal Santander Totta, que no momento da vitória não esqueceu a atitude de Gustavo Veloso.“Tenho de agradecer ao Gustavo Veloso que foi um bom ponto de referência para mim. Tentou resguardar-me ao máximo, não é qualquer líder que está a altura de ter esta atitude.”
Ainda antes de subir ao pódio, para ser brindado pelo segundo lugar e confirmar a melhor regularidade em prova, e a respetiva liderança da Classificação por Pontos traduzida na Camisola Verde Rubis Gás e ainda o Prémio Kombinado KIA Gustavo Veloso não conseguiu disfarçar a desilusão. “É um encontro de sentimentos. Fico feliz pela vitória do Vinhas e pela Camisola Amarela ficar na equipa. Fico triste por saber que sou o mais forte na volta e não ter ganho. Nem sempre ganha o mais forte.”
Após 11 dias de competição, e com a meta e o pódio final da última etapa instalados na majestosa Praça do Comércio, houve festa azul e branca com os portistas e o presidente Pinto da Costa em grandes comemorações. Na cerimónia de coroação dos vários vencedores esteve também o melhor dos trepadores, o colombiano Ramiro Diaz (Funvic-Soul Cycles) Camisola Azul Liberty Seguros. O russo AlexanderVdovin (Lokosphinkx) envergou a Camisola Branca RTP por ser o melhor jovem em prova.
Quem é o Rei da Volta 2016?
Rui Vinhas é natural de Sobrado, concelho de Valongo. Nasceu a 6 de dezembro de 1986 juntamente com Miguel, o irmão gémeo e mecânico na equipa W52-FC Porto.
Com nove anos, Rui Vinhas começou a ter o primeiro contacto com o ciclismo. O passar dos anos deu-lhe a certeza de que era em cima de uma bicicleta que queria “lavrar o pão”.
Em 2006 integrou a equipa da terra, o então conjunto sub-23 da União Ciclista do Sobrado, na altura chamada Casactiva-Quinta das Arcas. Ali cresceu e deu o salto para o escalão Elite. Com 24 anos seguiu até Paredes para correr pela LA Alumínios-Antarte. O Algarve foi a paragem seguinte. Esteve dois anos no Louletano, até voltar à terra natal, em 2015, para vestir as cores da W52-Quinta da Lixa.
Esta foi a quarta vez que Rui Vinhas participou na Volta a Portugal. O discreto trabalhador de equipa alcançou aos 29 anos o sonho da vida de qualquer corredor. E agora? Rui Vinhas responde:“Gosto bastante de trabalhar para os meus colegas, mas com esta vitória vou encarar as competições de maneira diferente.”
No próximo ano Lisboa abre e Viseu fecha a Volta
Terminada a Volta de 2016, a Podium Events já está a pensar no próximo ano quando a rainha do ciclismo português completar 90 anos. Joaquim Gomes, diretor da 79ª Volta a Portugal Santander Totta, anunciou que a prova deverá subir de escalão UCI e começar em Lisboa com um Prólogo, para terminar, a 15 de agosto, em Viseu.
“Posso acrescentar que a partida da primeira etapa em linha será de Vila Franca de Xira e está garantido que o formato de etapa da Torre será para manter com chegada à Guarda. A emoção e sobretudo as dificuldades daquele dia garantem-nos que foi a mais exigente etapa que alguma vez se realizou em Portugal no âmbito da Volta a Portugal.”
MM
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