No último domingo, durante o Triathlon Internacional de Santos, um fato chamou a atenção de nossa equipe: a extrema dificuldade dos triatletas subirem e descerem da bike com segurança e velocidade. Cerca de 10 minutos observando a transição nos deu a dimensão do problema: pouquíssimos atletas dominavam a técnica correta, muitos caíram e teve até quem derrubasse ou atrapalhasse outros atletas.
Já abordamos em detalhes, inclusive com vídeo, como subir e descer corretamente da bicicleta (link a seguir). Para saber o que você está fazendo errado e qual o perigo de cada abordagem, vamos ver os erros mais comuns que vimos no Internacional:
1 – Muitos triatletas calçam a sapatilha na transição e saem correndo com ela. Isso traz alguns problemas, como o enorme risco de escorregar e cair, além da possibilidade, não muito remota, de quebrar o taquinho da sapatilha e você não conseguir encaixa-la no pedal.
Essa é a opção mais insegura e perigosa de todas e você deve evitá-la a qualquer custo.
Atleta que correu com a sapatilha até a linha de monte
2 – Atletas que levam a sapatilha na mão e a calçam depois da linha de monte.
Neste caso, não a há o risco de escorregar e cair, mas pense bem.
Depois que você passar a linha de monte/desmonte, você precisa parar para colocar a sapatilha.
Onde colocará sua bike? E se ela cair no chão e atrapalhar outros atletas?
E se não houver local para apoia-la? Além disso, a perda de tempo nesse caso é enorme, o que faz muita diferença em qualquer prova, mais nas curtas, claro, mas também nas longas.
3 – O atleta até deixa a sapatilha presa na bike, mas não sabe a hora de coloca-la.
Muitos atletas já tentam encaixar a sapatilha que está presa antes mesmo se subirem na bike!
Outros querem calçar nos primeiros 5 metros de pedal.
O resultado é um zigue-zague que, invariavelmente, leva a acidentes.
Já cobrimos centenas de provas em todo o mundo, em quase todas elas há um acidente assim.
Atleta que deixou a sapatilha presa, mas já quer calça-la logo após a transição.
Mas, como deve ser a maneira correta de subir na bike?
Muito simples: deixe as sapatilhas presas na bike, de preferência prendendo o calcanhar ao quadro com elásticos, assim eles não batem no chão quando estiver correndo com a magrela.
Já vi diversas vezes a sapatilha se desprender do pedal após bater no chão, aí o atleta tenta voltar, mas há um exército atrás dele e a confusão está armada.
Após passar a linha de monte, pule na bike e saia pedalando. Se ainda não conseguir pular, passe uma perna sobre a bike e comece a pedalar COM O PÉ EM CIMA DA SAPATILHA. Saia da confusão dos primeiros metros, pedale um pouco e, quando estiver em um terreno um pouco mais tranquilo, faça um Sprint para ganhar embalo e calce UM ÚNICO PÉ DA SAPATILHA.
Depois que tiver certeza que este pé está bem preso, com o velcro fechado, pedale mais um pouco, faço um novo Sprint e calce o outro pé. Verifique o velcro e voilà, você está pronto para seguir.
Dessa forma, você evita acidentes, faz uma transição mais rápida e sai mais concentrado para o ciclismo. Não acredita que essa seja a melhor forma?
Veja os atletas da distância olímpica da ITU, os triatletas mais rápidos do mundo.
Todos eles fazem assim. Além disso, as regras de segurança da entidade exigem que a sapatilha seja calçada depois do monte.
Atleta que ainda não consegue pular na bike, mas sai corretamente, pedalando com os pés por cima das sapatilhas.
Atleta fazendo a transição corretamente, correndo até a linha de monte, depois saltando na bike e pedalando com os pés em cima da sapatilha inicialmente.
É extremamente importante que você treine essa técnica antes de aplica-la em provas. Comece treinando na grama, assim, se cair não se machucará.
Com pouco tempo, o movimento se torna natural.
Cuidado também com acessórios atrás do banco (caramanholas, pneus, comida etc.), se você os atingir com o pé, provavelmente, cairá. Como tudo no Triathlon, e até mesmo na vida, a questão aqui é treino.
Um lembrete importante: nunca monte na bike antes da linha de monte e nunca desça depois da linha de desmonte.
Na grande maioria das provas, inclusive todas as oficiais da ITU, essa violação gera desclassificação. Trata-se de uma das regras mais importantes e simples em nosso desporto: jamais pedalar na área de transição (é como jogar futebol e não saber que não se pode tocar a bola intencionalmente com a mão).
Outra regra fundamental: jamais encoste na bike antes de afivelar o capacete!
Por fim, um ponto que atletas que competem fora já notaram, é a questão do respeito aos demais atletas.
Todas têm suas metas, objetivos, etc., mas o mais importante é a segurança de todos. Já fiz provas nas quais mal consegui sair da transição porque havia uma fila de triatletas despreparados bloqueando o tráfego ao tentar calçar a sapatilha e subir na bike.
Mesmo após pedir educadamente, muitos responderam de forma ríspida, o que é completamente antiesportivo e desnecessário.
Assim como também é desnecessário gritar com alguém mais lento, desajeitado ou inexperiente que está à sua frente.
Lembre-se: faça Triathlon, não Teatro.
Bons treinos e provas!
MM