NATAL, adj. relativo ao nascimento ou ao país e terra em que se nasceu; natalício. Diz-se de uma variedade de pêra. S.m. O dia do nascimento. Dia do aniversário de um nascimento. Festa da natividade de Cristo. Época em que se celebra esse acontecimento.
Se procurarmos nos anais da história a origem do Natal católico, temos de recuar até ao ano 354. Esta foi a data que assinalou a primeira celebração do nascimento de Jesus. O Natal veio substituir a festa pagã do nascimento do sol invencível (natalis solis invicti), que existia já há quase cem anos.
Não foi preciso muito para a festa do Natal se tornar universal. Mas a celebração das três missas, que ainda hoje fazem parte da liturgia natalícia, foi introduzida em diferentes épocas. Muito embora no século vi estivesse já tudo como é hoje. As primeiras canções litúrgicas estavam escritas em latim e remontam, igualmente, ao século v. No entanto, foi uma avaria no órgão da Igreja de São Nicolau, numa aldeia austríaca, que deu origem à canção mais conhecida do mundo: Noite de Paz, Noite de Amor, há precisamente 177 anos. Onde quer que se encontre no Globo, esta é, certamente, a canção mais ouvida nesta época festiva.
Dois dias antes do Natal de 1818, houve uma avaria no órgão, o que obrigou o padre da igreja a redigir um curto e simples texto para ser interpretado por um professor primário, acompanhado de uma guitarra. O êxito foi total e ninguém lamentou a ausência do órgão
No entanto, o verdadeiro autor nunca foi reconhecido em vida. Este fato, com laivos míticos, faz com que milhares de turistas visitem anualmente Oberndorf, onde existem museus e placas comemorativas com a história da canção e a vida dos seus autores. Um destino de Natal bem diferente.
O presépio pensa-se que nasceu de uma iniciativa de São Francisco de Assis, que apresentou o primeiro com pessoas e animais de carne e osso, no Natal de 1223, em Greccio.
Na Roma antiga havia já o costume de trocar presentes nesta altura do ano, mas foi apenas no século VII que esta tradição foi abençoada, quando o papa Bonifácio, no final da missa de 25 de Dezembro, disse aos sacerdotes para benzerem os pães e os distribuírem pelo povo. Este retribuiria a acção no dia 6 de Janeiro.
Os cartões de boas-festas têm um nascimento curioso. Logo à nascença tiveram como contemporâneos os contos natalícios de Charles Dickens, na Inglaterra dos meados do século XIX. Foi a falta de tempo de Henry Coyle, o director do British Museum, de Londres que originou a criação dos cartões natalícios. Sem possibilidade de escrever à mão a todos os seus familiares e amigos, Henry Coyle solicitou ao artista plástico John Callicot Housley que lhe elaborasse um cartão que servisse para enviar boas-festas a todos os seus entes queridos.
O pintor pegou num pedaço de cartolina quadrada e dividiu-a em três partes: ao centro desenhou uma família reunida à mesa, comemorando alegremente. No verso figuravam meninos pobres a receberem comida e roupas. Na restante parte podia-se ler “Feliz Natal e Feliz Ano Novo”. Nesta ocasião foram impressos cem, e os que sobraram foram vendidos a um xelim cada.
Até a moda pegar em 1851, os cartões eram todos litografados e pintados à mão. Este artesanato acabou quando um editor de livros decidiu massificar a venda de cartões.
Quem apareceu por último foi o Pai Natal. Inspirado em S. Nicolau, o santo patrono das crianças e marinheiros da Grécia, da Sicília e da Rússia. Nasceu em 271, na Ásia Menor, passando a ter a aparência que hoje tem desde o momento em que foi retirado do quadro do pintor norte-americano Thomas Nast, no século XIX Antes tinha já mudado inúmeras vezes de roupa, de nome, de rosto, de língua e de hábitos.
Portanto, há mais de um século que crianças de vários pontos do mundo sonham com a chegada do Pai Natal e do seu saco carregadinho de presentes. Dois meses antes, o velhote de barba branca serve já de chantagem psicológica em relação às crianças: se te portas mal, o Pai Natal não te traz nem um presente; se não comes, o Pai Natal está a ver da janela e no Natal não te traz nada. O mito de que o Pai Natal só beneficia os bem-comportados nasceu com a própria figura do velho bonzão.
É a seis de Janeiro que se comemora a chegada dos Reis Magos. No Evangelho de S. Mateus escreve-se que vinham do Oriente para Jerusalém com o intuito de adorar o rei dos judeus que tinha acabado de nascer e que eles tinham sabido porque viram uma estrela. Gaspar, Melchior e Baltazar são os nomes atribuídos aos magos, mas só surgiram no início do século IX.
E é só no século XII que passam a ser diferenciados fisicamente e lhes são atribuídas características reais: Gaspar é um jovem imberbe, Baltazar um homem maduro e Melchior um velho calvo de barba branca. Curiosamente, só volvidos 300 anos sobre estes novos dados da vida dos reis, é que surgem as suas raízes étnicas: africano, asiático e europeu, respectivamente.
No entanto, são todos descendentes de três filhos de Noé. Para celebrar o nascimento de Jesus (Natal), os reis levaram como prendas ouro, mirra e incenso, que significam a realeza, o sofrimento e a fé. Magos ou não, eis a questão. Realeza ou não, eis a questão. Mas onde não há questão é em relação ao seu culto na liturgia da Epifania e ao seu cognome de mag ou magush, que significa intermediários da divindade.
Em Portugal, no dia que se celebra a sua chegada come-se o bolo-rei.
Havia uma tradição que afirmava que os crentes deveriam comer, entre o dia 25 de Dezembro e o 6 de Janeiro, doze bolos-reis. Este doce, constituído por frutas secas, simboliza as prendas que os Reis Magos ofereceram a Jesus recém-nascido. A sua côdea representava o ouro, enquanto as frutas secas simbolizavam a mirra e o aroma o incenso.
Várias são as histórias que rodeiam a árvore de Natal. A lenda que mais se relaciona com esta árvore tão especial aconteceu há cerca de 1200 anos, quando um missionário inglês, de nome Bonifácio, viajava pela região norte da Alemanha.
Deteve-se perante um grupo de sacerdotes reunidos à sombra de um carvalho. Estavam dispostos a sacrificar a princesa Asulf ao deus Thor, para quem o carvalho era uma árvore sagrada.
O missionário, para evitar o sacrifício da jovem, cortou a árvore. No local onde existia o carvalho, logo cresceu um abeto. A partir de então, o abeto passou a ser a nova árvore sagrada (da paz e de Cristo), donde poderiam retirar a madeira para construir casas. Tudo aponta para que os Alemães tenham sido os primeiros a decorar a árvore de Natal, com maçãs e pequenos biscoitos brancos. Outra das lendas associadas à árvore prende-se com
Martinho Lutero, o líder da reforma protestante, tendo sido ele a iniciar o costume da decoração.
Lutero terá colocado velas acesas num abeto, para explicar à família como era afetado por uma linda noite de luar.
Mas, desde então, existem muitos povos que decoram a árvore de formas diferentes e imaginativas. Em tempos, os Escandinavos eram conhecidos por usar pequenas redes de pesca e pequenas bandeiras.
Os Polacos ornamentavam a árvore com papel e velas. Nos Estados Unidos, as primeiras decorações da árvore foram de papel, de fabrico caseiro e com rebuçados de açúcar em forma de bengala. Não havia então decorações artificiais de bolas brilhantes ou de luzes.
O costume de decorar as casas e as igrejas com verduras é do tempo dos Romanos, que, no primeiro de Janeiro, trocavam entre si ramos de verdura como símbolo de boa sorte. Foram os Ingleses que transportaram este costume para o Natal. As luzes que na época natalícia iluminam ruas, casas e árvores simbolizam Cristo como a luz no mundo.
A partir de meados de Dezembro, se for à Irlanda é provável que encontre muitas casas com uma vela acesa na janela. É um costume do país, que simboliza a iluminação do caminho do Menino Jesus.
Nos Países Baixos há outra tradição: vários rapazes, vestindo trajes garridos, percorrem as ruas das aldeias transportando uma estrela, que mais não é do que uma lanterna com várias velas. Ao mesmo tempo cantam Gloria in Excelsis e outras músicas de Natal.
Nos Estados Unidos e Canadá, as cidades, vilas e aldeias revestem as praças, ruas e locais públicos com luzes de várias cores. As lojas também não fogem à tradição e arranjam-se os estabelecimentos de acordo com a época. Passa-se o mesmo com as casas e os jardins particulares.
Dia 24 à noite ceia-se e 25 é o dia de Natal propriamente dito. Nada de estranho? É que as tradições natalícias dos Estados Unidos estão ainda muito influenciadas pelos imigrantes europeus. Por exemplo, em algumas localidades do estado de Pensilvâania ainda persistem muitas tradições suíças e alemãs. Os descendentes dos imigrantes da Morávia são conhecidos pelas suas pirâmides de Natal, que são uma espécie de bolo em forma de pirâmide, feito à base de bolacha, rebuçados e frutas.
Nos estados de Minnesota, North Dakota e Winconsin são evidentes os costumes escandinavos. Um deles, bastante insólito por sinal, é o de alimentar os pássaros com uma dieta especial de Natal: cevada, aveia e trigo.
O Santa Claus (o Pai Natal dos Americanos) é um símbolo típico da cultura americana. Esta designação apareceu com os primeiros colonos da América, vindos da Holanda. Em holandês São Nicolau (o santo generoso e presenteador) diz-se <<Sinterklass>>, que se foi americanizando até chegar à forma de hoje: Santa Claus. Uma lenda norueguesa deu origem à crença de que Santa Claus desce pela chaminé: a deusa Hertha aparecia nas lareiras e trazia boa sorte às casas.
Clement Moore, um ministro e poeta americano, foi o primeiro a descrever Santa Claus como ele é hoje em dia: vestimenta vermelha debruada a branco, fazendo-se transportar por um trenó puxado por renas.
Em Inglaterra, como nos Estados Unidos, é Santa Claus que distribuiu os presentes e desce pela chaminé. As suas características são idênticas às do Pai Natal, só muda o nome. Aqui também é celebrado o Natal a 25 de Dezembro. E, nessa data, as crianças penduram as suas meias junto à lareira, para que Santa Claus as encha de presentes.
O pudim de ameixa é um doce natalício tipicamente britânico: leva groselhas ou uvas, frutos secos, sebo de vaca, açúcar e temperos. Na Escócia, os padeiros fazem bolos de aveia.
Outro costume deste país é beber de uma grande taça chamada wassail cheia de uma bebida feita à base de mistura de cerejas, maçãs assadas, ovos, açúcar, noz-moscada, cravo-da-índia e gengibre. Esta mistura bebe-se quente. Antigamente, as pessoas iam pelas ruas a trautear canções de Natal a troco de uma taça. O costume moderno de cantar pelas casas dos amigos vem deste hábito mais antigo.
Na véspera de Natal, dia 24, as crianças francesas depositam os seus sapatinhos junto à lareira (à semelhança da meia inglesa) para que o <<Le petit Noël>> ou o <<Père Noël>> aí coloque os presentes. Os adultos só trocam as lembranças no dia de Ano Novo.
Muitas famílias católicas vão à Missa da Meia-Noite e depois têm o jantar de Natal, ao qual chamam Reveillon. A ementa dessa refeição varia muito consoante a região. Por exemplo na capital, Paris, o prato mais popular é feito à base de ostras, enquanto na Alsácia, o ganso é a ave preferida.
Especialmente na região de Provença, a maioria das famílias francesas montam nas suas casa pequenos presépios.
Especialmente na região de Provença, a maioria das famílias francesas montam nas suas casa pequenos presépios.
Os Alemães decoram as suas casas com ornamentos de Natal, luzes e lantejoulas. É costume também incluir na decoração bolos com formato de figuras humanas, animais, decorações e estrelas.
As grinaldas do Advento são uma das mais populares decorações de Natal. Cada uma tem quatro velas e são acesas uma de cada vez, nos quatro domingos que precedem o Natal. As crianças alemãs acreditam que os seus presentes são trazidos pelo Menino Jesus: hristkindl.
Na Alemanha, o São Nicolau também é celebrado a 6 de Dezembro. Nesse dia, o santo entrega às crianças rebuçados e outras guloseimas. E é nessa altura que são entregues cartas, com dicas para os presentes que desejam no Natal.
Os Alemães são famosos pela sua doçaria de Natal. O mais popular é o bolo Stollen, feito com uvas, amêndoas e cerejas de formato comprido.
No dia 24 de Dezembro, a caminho da Missa da Meia-Noite, é costume, entre os jovens, a visita a nove fontanários, bebendo sorvos de água em cada um. A lenda afirma que se o fizerem encontrarão a cara-metade à porta da Igreja.
Como em muitos países europeus, na Suíça alimenta-se a superstição de que o gado é capaz de falar à meia-noite, em honra dos seus antepassados, junto à manjedoura de Cristo.
Os Italianos jejuam no dia antes do Natal. À noite, a família reúne-se à volta do presépio, orando, enquanto a mãe coloca o <<Bambino>> (Menino Jesus) na manjedoura. Segue-se a entrega de presentes, previamente colocados num grande pote apelidado a”Urna do Destino”.
Em Itália, o dia de Natal é quase exclusivamente dedicado às cerimónias religiosas. Muitas das ofertas são entregues na véspera da Epifania (6 de Janeiro). Nessa altura, e de acordo com uma lenda, <<La Befana>>, uma espécie de feiticeira velha, vem pela chaminé abaixo com as prendas. Numa das mãos traz uma campainha, para anunciar a sua chegada e, na outra, uma vara ou um pedaço de carvão para bater nas crianças desobedientes.
As ementas de Natal também variam conforme se muda de região. Em Milão, costuma-se servir um bolo chamado panettone, feito de fruta cristalizada. Na região do vale do Pó, a comida mais popular são os tortellini, massa recheada de carne. No Sul do País, o prato tradicional da noite de Natal é a enguia.
O dia 6 de Janeiro, dia de Reis, é para os Espanhóis a altura para distribuir os presentes. Para as crianças nuestras hermanas são os Reis Magos que lhes trazem os regalos, tal e qual como quando nasceu o Menino Jesus e Baltazar, Melchior e Gaspar correram ao seu encontro para celebrar o seu nascimento com entrega de presentes. De forma a ilustrar a importância deste dia para os Espanhóis, as férias escolares do período natalício, por exemplo, prolongam-se até dia 7. O dia 6 de Janeiro é feriado nacional.
No entanto, em Espanha não se deixa de celebrar o dia 24 de Dezembro e o dia 25 é também feriado nacional. Nestes dias a família reúne-se, mas não se trocam presentes.
Em Espanha… Olé. As danças populares são tradicionais nesta época do ano. Depois da Missa da Meia-Noite, as ruas enchem-se de populares que dançam. Grandes multidões assistem às suas atuações. As músicas e as letras já perderam a sua origem.
Em Espanha… Olé. As danças populares são tradicionais nesta época do ano. Depois da Missa da Meia-Noite, as ruas enchem-se de populares que dançam. Grandes multidões assistem às suas atuações. As músicas e as letras já perderam a sua origem.
As celebrações do Natal começam no dia 13 de Dezembro, o dia de Santa Lúcia. Nessa altura, a filha mais velha veste-se de branco e usa na cabeça uma coroa verde com sete velas. Nestes preparos serve café e bolos aos outros membros da família. As crianças suecas acreditam que são dois duendes, o Juul Tonte e Juul Nisse, que lhes trazem as oferendas de Natal.
Se, para os católicos, a quadra natalícia simboliza a reunião da família, azevinho em casa, uma árvore de Natal toda ornamentada, um presépio, uma abundante ceia e a troca de presentes entre pessoas íntimas, para muitas comunidades que praticam outras religiões, esta data nada significa.
Para os Russos, por exemplo, o Natal é um dia como outro qualquer, trabalhando-se normalmente. No caso dos seguidores de Aga Khan, os conhecidos ismaelitas, o dia 25 também não lhes diz nada. No entanto, no dia 13 de Dezembro é o aniversário do deu líder espiritual. Para a comunidade hindu, o Natal é em Agosto, o décimo mês do calendário, no qual se celebra o nascimento de Krishna.
As famílias juntam-se no templo, oram e depositam oferendas no altar de Krishna. Depois das oferendas, comem fruta seca ou fresca e lavam-se as estatuetas de Krishna com leite, o símbolo da purificação.
O Menino Jesus envolto em faixas dentro de um caixão, ladeado por Virgem Maria em pose de reflexão e de São José com ar de dúvida é o cenário do presépio dos ortodoxos. Neste caso o Natal é muito mais do que a festa da família, e não se anuncia o nascimento de Cristo, mas a sua ressurreição. A igreja ortodoxa reclama para si uma imagem mais completa do presépio e comemora o Natal treze dias depois da igreja católica.
No entanto a festa mantém-se: a família reúne-se e troca presentes, mas só a 7 de Janeiro, depois de cumpridos os 40 dias de abstinência e jejum, em respeito das quatro semanas da quaresma. Então, se optar por viajar na quadra natalícia já vai bem informado da forma como se comemora o Natal nos vários cantos do mundo, nas várias religiões e as lendas que deram origem às diversas tradições desta época. Pode agora entender melhor os costumes do país que visitar.
MM
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