Teste: Giant Conway 2.0
Este caixote já deu a volta ao mundo |
Aqui vai uma pequena review de uma dobrável que não custa os olhos da cara. Antes de mais, convém responder à questão que quase toda a gente colocará ao ler o título desta posta: o que diabos vem a ser uma Giant Conway?
Pois. As origens deste modelo perdem-se nas brumas não do tempo mas da sociedade globalizada. Uma investigação por parte do proprietário permitiu descortinar que se trata de um modelo da Giant, de 2008, destinado ao mercado Chinês. E graças aos imponderáveis da globalização, um punhado destas bicicletas, novas, foram importadas para a terra dos apreciadores de fish and chips e spotted dick pudding. E em terras de sua majestade foram colocadas à venda no eBay.
Chan-chan! |
Não sei se alguma vez receberam uma bicicleta pelo correio, garanto-vos que é um volume considerável, o que torna tudo muito, hum.... divertido! Neste caso não tanto, porque a caixa tem umas dimensões mais comedidas, já que a bicicleta vem, naturalmente, dobrada. E a dobra é do tipo Dahon, o quadro quebra a meio e o espigão do guiador dobra à altura da caixa de direcção. Mais coisa menos coisa, é tudo muito semelhante.
Outra possível interrogação que possam ter nesta altura é qualquer coisa do género:"e funciona!!?"
Chinesa à solta na capital |
É uma questão muito razoável, sabendo nós que as bicicletas dobráveis têm uma engenharia a tirar para o complexo e que esta menina veio da China, terra onde muitas vezes a qualidade não mora. Pois sim, tudo o que é para funcionar funciona, sem problemas ou manhas. Obviamente, este é um produto de gama baixa, e como tal deve ser avaliado, mas não fica atrás de modelos vendidos por cá a preços semelhantes (leia-se superiores), de marcas menos conhecidas e muitas vezes fabricados nas mesmas paragens.
Uma bicicleta de marca! |
E então o que temos no menu? Temos um quadro em aço, temos seis velocidades obtidas por meio de uma transmissão Shimano, com um desviador Tourney, gripshift, e uma cassete convencional. Os travões são v-brake da ProMax, a caixa de direcção é de rosca, de uma polegada. As rodas de alumínio, cubos e a maioria das restantes peças são fornecidas pela própria Giant. A bicicleta vem pronta para uso utilitário, com pormenores interessantes como:
- Reflectores à frente e atrás, e nas rodas
- Guarda lamas
- Grelha porta-bagagens
- Protector do prato dianteiro
- Descanso
Todos estes gadgets pagam uma factura na balança e é impossível que esta Giant atinja os 12 kg anunciados. Boa parte da culpa será dos guarda-lamas, que são em aço sólido! De resto, como em qualquer roda 20, o peso está todo muito lá em baixo e só se nota quando temos que pegar na bicicleta. O quadro em aço ajuda a tornar a viagem confortável, e existindo algumas flexões no conjunto, nomeadamente nos pedais e no espigão da direcção (algo comum a muitos outros modelos), não é nada de preocupante. O que salta logo à vista quando assumimos os comandos são duas coisas: primeiro apercebemo-nos de que a bicicleta é realmente pequena e depois somos surpreendidos pela estabilidade e conforto que mesmo assim ela apresenta.
Elegante e confortável |
As bielas (cranks) são apropriados para pessoas de baixa estatura |
Pormenor do fecho central |
Cubo da frente também da marca |
Esta Giant não é uma marota irrequieta, como as rodas de 20 polegadas poderiam fazer pensar. Isto é ainda mais inesperado porque a bicicleta mede menos de 1 metro entre eixos e eu ultrapasso em comprimento os limites propostos pelo fabricante (altura máxima de 185cm). Esta bicla terá sido feita a pensar mais no utilizador asiático, os cranks, exemplo, medem 165mm, um tamanho adequado a pernas pequenas. Já o limite de peso é de 105 kg, exactamente o mesmo das Dahon de gama alta.
Rodas e pneus da própria Giant |
Uma limitação da bicicleta tem a ver com a transmissão. Não falo do número de velocidades, mas do escalonamento destas. Foi usado na frente um prato de 48 dentes (atrás é 14-28), o que não chega para dar grande embalagem. Se a velocidade máxima falha, as subidas por seu lado não serão problema. De resto, as sensações que esta Giant transmite estão bem acima dos Euros que custou (cerca de 200 já com portes). O proprietário está satisfeito e há mais uma bicicleta utilitária a rolar pela capital.
Resumindo e baralhando:
A favor:
- Preço
- Quadro em Aço
- Dobra e componentes específicos aparentemente fiáveis
Contra:
- Velocidade Máxima
- Questões de garantia e peças
- Bielas de 165mm, para quem tenha a perna grande
Charme Oriental |
A Giant com algumas alterações |
Giant Conway Não há muito que dizer, na verdade: a bicicleta tem sido usada regularmente, sem qualquer problema. Não surgiram folgas nem ruídos estranhos. Tudo continua a funcionar como deveria.
Prato Campagnolo e pedais de encaixe |
O tamanho reduzido não é problema se o piloto também não for XXL |
Para melhorar o desempenho da transmissão e permitir uma velocidade de ponta mais elevada, o proprietário trocou a pedaleira de origem (e o eixo pedaleiro) por nada menos que um prato Campagnolo de 52 dentes. A alteração é notória, mas com efeitos limitados: a velocidade máxima na practica não aumentou muito. A Giant monta agora também pedais de encaixe e um selim diferente, por opção pessoal. De realçar que muitos componentes desta bicicleta são standards da industria, o que facilita trocas e upgrades, o que nem sempre é o caso no mundo das dobráveis.
Esta dobrável já enfrentou piso mais complicado, sem problemas |
De resto, esta chinesa está aí para as curvas. E parece provar que não é preciso gastar uma fortuna numa dobrável. O facto do uso não ser muito intenso e de o "piloto" não ser muito grande ou pesado, podem também ser factores importantes para este sucesso. (Jõao Serodio)
MM
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