Lisboa não vai organizar a conferência Velo-City em 2017, mas a aposta no incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte vai prosseguir de igual modo, garantem os principais envolvidos na candidatura portuguesa, que foi
vencida pela cidade-região holandesa de Arnhem-Nijmegen.
“Nós não perdemos, ganhou outra região”, disse ao Pedais.pt o porta-voz do vereador com o pelouro dos Espaços Verdes e da Energia na Câmara de Lisboa, entidade que promoveu a candidatura.
João Camolas considera que “a expetativa era grande” e que, de certo modo, já foi uma vitória para Lisboa ter ficado entre as três cidades da qual saiu a vencedora. A terceira era a capital da Suécia, Estocolmo.
Por um lado, ser finalista foi “o reconhecimento do trabalho feito”, por outro “há que continuar a trabalhar”. “O mais importante é continuar a promover a bicicleta”, salientou o assessor do gabinete do vereador José Sá Fernandes.
“Toda a gente está de parabéns, todos deram o seu melhor”, fez questão de enaltecer João Camolas, referindo-se às várias entidades envolvidas no processo de candidatura e nomeando concretamente o Governo central, através do secretário de estado da Administração Interna, João Almeida, e as várias organizações não governamentais promotoras do uso da bicicleta.
A MUBi é uma dessas instituições e foi de lá que partiu o desafio público para que o município da capital portuguesa se candidatasse a realizar o congresso anual da Federação Europeia de Ciclistas (ECF, na sigla em inglês), que
em 2015 vai reunir pelos menos 1400 delegados de 80 países na cidade francesa de Nantes.
Lisboa e Portugal “são virgens” no que toca a políticas de mobilidade onde a bicicleta é protagonista, considerou João Bernardino, dirigente da MUBi, numa reação ao Pedais.pt acerca do resultado da candidatura lisboeta.
A ECF terá tido essa realidade em conta ao optar por decidir atribuir o evento que realiza dentro de dois anos a uma cidade do país onde as pessoas mais andam de bicicleta no mundo: um terço dos holandeses usam velocípedes como meio de transporte.
Contudo, João Bernardino salvaguarda que o objetivo de colocar o “uso da bicicleta na agenda política” foi atingido” e reuniu uma série de protagonistas – “o que nunca tinha acontecido” – e “só por isso já valeu a pena”.
Apesar de não ter conseguido nesta oportunidade, o ativista do uso da bicicleta acrescentou que a MUBi “gostaria de ver em Lisboa ou noutra cidade qualquer” de Portugal, futuramente, o congresso Velo-City. Como o evento se realiza alternadamente na Europa e num país fora deste continente, a próxima hipótese surge em 2019. Em 2016, o
congresso realiza-se em Taipé, Capital da Formosa, um dos países que mais bicicletas produz a nível mundial.
“Dentro de dois anos cá estaremos”, prometeu João Bernardino, aludindo à insistência numa nova candidatura, que João Camolas não quis assumir, para já, afirmando que o compromisso era em 2017, que coincide com o fim do mandato do atual executivo municipal.
Outro protagonista empenhado na candidatura foi a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB), que reconheceu a qualidade da proposta vencedora, mas considera ter sido uma “oportunidade perdida”, ao situar o evento no centro da Europa, “onde todas as soluções já foram debatidas, testadas e sem grandes questões de fundo” no que toca ao uso da bicicleta, ao contrário do que sucede em Portugal.
Num
comunicado emitido nesta sexta-feira, a Federação realça que “Lisboa seria uma porta para todo um universo de cidades com questões novas e realidades muito diferentes, que necessitam de um debate profundo” sobre as questões da mobilidade.
Por outro lado, “estamos certos que o município manterá os compromissos assumidos para que a bicicleta tenha mais e melhores condições , e que a transformação da cidade siga esse mesmo caminho”, lê-se na nota.
“A candidatura de Lisboa tinha tudo para receber a conferência em 2017. Os compromissos eram fortes e sustentados, e a cidade evoluiria muito em prol da bicicleta”. Contudo, apesar de não ter atingido essa meta e “mesmo sem conferência, a bicicleta é uma oportunidade para Lisboa”, conclui a FPCUB.
MM