Treinar para o btt com bicicleta de estrada, qual a lógica?
Os atletas de btt treinam frequentemente com a bicicleta de estrada, isto deve-se a algumas razões que os atletas facilmente argumentam:
- O desgaste é menor e logo a manutenção é mais barata comparativamente a uma btt.
- É mais prático e seguro treinar sozinho na estrada, ao invés de procurar trilhos para o fazer, ou mesmo que seja em trilhos já conhecidos, trilhos são sempre pouco frequentados face à estrada.
- Com a chegada do inverno, a chuva e a noite a aparecer mais cedo, torna-se ainda mais perigoso treinar em trilhos.
- Consegue-se fazer mais quilómetros na estrada (mas hoje treinar por quilómetros é o equivalente a ter um rádio de válvulas na quando temos o MP3)
E poderia acrescentar mais algumas, todas elas válidas da perspectiva do utilizador. Mas há uma questão fundamental que se sobrepõem a todos e quaisquer argumentos.
Até que ponto treinar na bicicleta de estrada, se traduz em beneficio para quem ao fim de semana compete em btt?
O treino significa preparação para…
Deve então simular ao máximo o objetivo para o qual está a ser desenvolvido, caso contrario não é treino, ou pelo menos não para o que inicialmente nos propusesmos.
Imagine um piloto de Rally, que passa a semana toda a treinar num carro de Formula 1 para correr ao fim-de-semana no seu carro habitual de Rally.
Alguém que se prepara para enfrentar um desafio no deserto, não tem lógica fazer a sua preparação em estrada em pleno inverno chuvoso. Isto porque o treino deve reproduzir o mais possível o desafio para o qual nos preparamos.
O ciclismo de estrada é especialmente propicio para desenvolver a cadência(aliás é esta atualmente a grande tendência), o trabalho aeróbio é aqui bem reforçado, pode-se também aqui trabalhar os regimes anaeróbio é claro, mas vamos manter focados que nos referimos esta ferramenta para os atletas de btt.
Fazem-se quilómetros e quilómetros e diz que se treinou.
Há quem treine no asfalto a semana toda para correr em btt á semana, se perguntar-mos, frequentemente a resposta assemelha-se a isto: 80% com a bicicleta de estrada, 20% com a de btt, são expressões deles (dos atletas) e esta distribuição é na melhor das hipóteses.
Comparado com o ciclismo de estrada, no btt as cadências são mais baixas, mais irregulares, marcadas por bruscas interrupções e arranques brutais, constantemente os regimes anaeróbios são solicitados iniciados por grandes cargas de força muscular, há uma enorme alternância e pouca possibilidade de relaxamento, mesmo a descer no caso de grandes maratonas a tensão muscular é constante devido ás irregularidades dos terrenos.
As bicicletas 29er de btt vieram agravar a diferença face ás estradistas, a inércia a mover em cada pedalada, a largura dos guiadores que nas de estrada mantêm-se a norma da “largura dos ombros” e os pneus que para acompanhar as rodas tornaram-se mais largos e com maior contacto com o solo, numa única palavra: atrito.
As bicicletas de estrada são construídas em função do menor atrito possível, a inércia proveniente das rodas é extremamente reduzida devido a aros estreitos e leves, pneus finos e rolantes, ao qual se soma uma posição muito mais aerodinâmica, reduzindo o atrito aerodinâmico. Se o treino cardio-respiratório pode ser aqui reproduzido e transferido para o btt, a capacidade de resposta muscular fica muito aquém do potencial do atleta. Logo é tempo de repensar o treino.
Estaremos mesmo a reproduzir o momento para o qual nos preparamos?
A resposta é NÃO!
Quanto mais não seja, onde fica a adaptação à bicicleta? Onde o atleta deve funcionar em perfeita simbiose com o equipamento com se de uma extensão do próprio corpo se tratasse!
A bicicleta de estrada em toda a sua essência é uma excelente ferramenta de preparação para uma época de btt, se utilizada na altura certa e na dose certa, assim com a corrida, a natação, o ginásio e até o surf!
MM
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