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sábado, 2 de janeiro de 2016

Grandes do futebol” alargam-se à estrada.


Duelos dos “grandes do futebol” alargam-se à estrada.
Volta a Portugal
Falta apenas o Benfica para que a rivalidade entre os três maiores clubes portugueses de futebol passe a decorrer também nas estradas, através da disputa entre as equipas de ciclismo que patrocinam.
O Sporting assinou com o clube de Tavira na segunda-feira um acordo parecido com o que o FC Porto firmara há dias com a W52, vencedora das últimas três voltas a Portugal.
Trata-se apenas de um regresso a uma modalidade onde todas aquelas instituições desportivas apostaram em tempos. Desconhecem-se, contudo, os moldes e o investimento em que se traduzirão as entradas do Sporting e do Porto numa modalidade em franco crescimento no país.
Vislumbram-se apenas pequenos pormenores que podem indiciar perspetivas diferentes na reentrada naquele que é o segundo desporto com mais adeptos em Portugal, depois do futebol. O clube nortenho aparece em segundo plano no nome da equipa que integra, designada W52-FC Porto-Porto Canal, enquanto o adversário de Lisboa surge no início da designação Sporting Clube de Portugal-Tavira.
O resto esgota-se quase nas promessas comuns de vencer todas as provas do calendário nacional em que irão participar, reduzida que está a hipotéticos convites a disputa de provas no estrangeiro, como tem sucedido nos últimos anos quase só com as duas formações de ciclismo envolvidas nas novas parcerias.
O Tavira na Volta a Marrocos e a W52 na maior prova ciclística brasileira, o Tour do Rio, ganha este ano pelo corredor da equipa de Valongo que também conquistou a última Volta a Portugal, o espanhol Gustavo Veloso.
Fica assim por saber o impacto que terá o regresso dos grandes clubes ao ciclismo nacional, que se debate no equivalente à terceira divisão da modalidade a nível mundial, na qual a primeira são as formações worldtour, com acesso direto a todas as grandes provas, e a segunda integrada por equipas do nível continental, como por exemplo da espanhola Caja Rural ou da alemã Bora-Argon 18, para citar casos de formações onde correm atletas nacionais.
Um dos temas que emerge quando se discute a modalidade em Portugal é a falta de investimento que tem impedido a ascensão de uma formação nacional a esse segundo escalão, que permite acesso indireto (por convite) às grandes voltas e aos palcos principais do ciclismo mundial, mantendo-se a dúvida se a chegada ao universo velocipédico de instituições com grandes capacidade financeira irá alterar o atual cenário.
O que está garantido é que FC Porto e Sporting não regressam ao ciclismo por mero amor à camisola. A modalidade dá uma grande visibilidade e proporciona retornos de investimento através da publicidade dos mais rentáveis no mundo desportivo.
Um dos últimos exemplos publicados dessas vantagens financeiras foi o retorno publicitário obtido pela equipa Efapel-Glassdrive em 2012 – quando venceu individualmente (David Blanco) e coletivamente a Volta a Portugal –  que atingiu os seis milhões de euros, com um investimento de apenas 320 mil euros em toda a estrutura humana e técnica com que cumpriu a temporada.
Nesse mesmo ano, a própria Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) anunciou um retorno de quase 760 mil euros em publicidade através da seleção nacional. O orçamento anual da instituição foi de 2,16 milhões de euros.
Neste contexto surgiu um texto publicado na véspera do Natal pelo porta-voz da FPC na sua conta do Facebook a recusar a ideia de que  a “chegada dos grandes clubes de futebol vai tirar o ciclismo de um buraco fundo”.
Volta a Portugal
“Como se FC Porto e Sporting fossem instituições de benemerência e se o ciclismo precisasse de caridade”, escreve José Carlos Gomes, sustentando que “estes clubes regressam à modalidade porque esta, num país de forte clubite, conseguiu crescer mesmo sem a presença daquelas instituições que tantos adeptos arrastam, e consegue ser a mais mediática de todas, só superada pelo futebol”.
“FC Porto e Sporting são muito bem-vindos.
Vêm juntar-se a um ciclismo moderno e mais desenvolvido do que quando resolveram sair”, conclui, num texto onde defende que ” ciclismo português está bem e recomenda-se”, após ver o número de praticantes federados ter crescido 61 por cento nos últimos três anos e a modalidade conseguir, este ano e pela primeira vez, que quatro ciclistas nacionais pontuassem para o ranking mundial, um deles, Rui Costa, campeão do Mundo em 2013, na nona posição.
MM

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