Multi-campeã Daniela Reis dá o salto para França.
Até lá, tem ainda outro desafio para vencer: arranjar patrocínios que lhe permitam comprar uma bicicleta para usar nos estágios e nas provas em França, já que viajar com a que usa em Portugal é uma hipótese colocada de parte pelo risco que acarreta andar a viajar de avião com a bicicleta. Pelos custos do transporte e pelo risco de danificar uma máquina que custa vários milhares de euros.
A situação coloca-se porque na equipa francesa, a exemplo do que Daniela Reis diz ocorrer noutras formações com o mesmo estatuto, só as ciclistas profissionais têm direito a bicicleta. No seu escalão sub-23, o contrato garante apenas o pagamento das despesas de deslocação, alimentação e alojamento.
Apesar disso, está dado o salto pela atleta que começou a competir há cinco anos e conta já no palmarés com seis títulos de campeã nacional nas diferentes variantes do ciclismo em que já correu, com destaque para pista e contrarrelógio, outros quatro de vice-campeã de fundo e mais sete vitórias na Taça de Portugal, tal como consta do seu currículo.
Tal como sucede com muitos ciclistas, vai continuar a treinar a partir de casa – e com os seus antigos colegas na equipa AC Malveira – juntando-se às novas camaradas francesas da DN 17 Poitou Charentes apenas nos estágios e nas provas, que irão duplicar este ano.
“Por cá, o calendário feminino tem meia dúzia de provas por ano, em França são pelo menos o dobro”, congratula-se a ciclista que compete desde os 16 anos e que começou a carreira logo com um primeiro lugar no seu escalão, numa prova dos campeonatos regionais disputada em Palmela, em março de 2010. Logo nesse ano foi campeã nacional de fundo e de contrarrelógio e venceu a Taça de Portugal no escalão júnior feminino.
A abordagem da equipa francesa, contou Daniela Reis, começou nos campeonatos da Europa de 2014, em julho, quando disputou a prova de fundo de sub-23 e integrou uma fuga com outras atletas, que não conseguiu acompanhar até final, concluindo a corrida no 32.º lugar. Contudo, o seu desempenho chamou à atenção dos responsáveis da formação gaulesa e as conversas que culminaram com a assinatura do contrato começaram logo aí.
Pouco mais de dois meses depois, voltaria a integrar a seleção portuguesa, sendo a única mulher a defender as cores nacionais na corrida de fundo de elites, principal prova feminina dos Campeonatos do Mundo de Ponferrada, em Espanha, onde acabaria por não conseguir acabar a prova onde, como em qualquer outra competição ciclística de fundo, é fundamental o trabalho de equipa e a atleta portuguesa alinhou em solitário. Também disputou a prova de contrarrelógio individual, igualmente no escalão elites, e aí alcançou o 47.º lugar.
Mesmo assim, a visibilidade que os campeonatos do Mundo possibilitam terá tido os seus efeitos, dado que o acordo para defender as cores da formação francesa concretizou a seguir.
Agora, com um emprego em part-time e a dar prioridade ao ciclismo, Daniela Reis, a primeira ciclista portuguesa a enveredar por uma carreira internacional com a ambição de se profissionalizar, está confiante que o esforço que vai fazer irá compensar.
Independentemente dos resultados, a aventura francesa “vai ser muito boa para evoluir”, assegura.
M.M.
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