A nossa melhor prova velocipédica está quase a dar o tiro de partida: é a Algarvia 2020.
A maior competição de ciclismo realizada em Portugal começa já no próximo dia 19 de fevereiro em Portimão e termina no dia 23 em Lagoa. É a Volta ao Algarve. É a sua 46ª edição.
Nem sempre foi assim, mas desde 2006 que o é. A aposta foi ganha e hoje durante 5 dias podemos ver pedalar nas estradas algarvias os melhores atletas da modalidade. Quando alguém pouco dado ao ciclismo fica surpreendido quando lhe dizemos que a melhor e mais importante competição é a Volta ao Algarve, contrariando a resposta tradicional que seria: Volta a Portugal, a razão é o argumento apresentado anteriormente. Na Volta ao Algarve estão os melhores do mundo. Os ciclistas e as equipas !
Num grande trabalho de organizadores, patrocinadores, camaras municipais, região de Turismo do Algarve e de todos os algarvios entusiastas de ciclismo, ano após ano a Algarvia tornou-se uma referência no calendário das equipas. O facto de pelo 4º ano consecutivo a competição ter transmissão televisiva demonstra bem a excelência do trabalho realizado.
Alto do Malhão - Alberto Contador. Foto: Rui Quinta |
No Algarve aproveitam-se as oportunidades: bom tempo, boa hotelaria, boas estradas, bons percursos. Estas são as principais características que as equipas procuram nesta altura da época onde na maioria dos países europeus neva, faz vento e muito frio. Na Algarvia uma equipa pode ficar sediada no mesmo hotel durante toda a competição sem grandes complicações na logística. Aqui todos os hotéis ficam relativamente perto do início de cada etapa e do seu final.
A edição que começa já na próxima quarta-feira com 771 km tem, na teoria, duas chegadas para sprinters (Lagos e Tavira), duas chegadas em alto para trepadores e punchers ( Foia e Malhão ) e um CRI que este ano se realiza novamente em Lagoa mas aparece no ultimo dia de competição.
Participam 12 equipas do escalão máximo: World Tour; 5 equipas Pro Team e as 8 equipas portuguesas inscritas no escalão Continental.
Ano após ano ouvimos dizer que “este é o melhor pelotão de sempre” o que não é necessariamente verdade. Mas este ano é mesmo verdade! É o melhor pelotão a percorrer as estradas portuguesas no ano 2020. Não há grandes dúvidas nisso. Muitas equipas, principalmente as equipas WT apresentam-se na Volta Algarve 2020 com as suas melhores peças dando sinal que estão em Portugal para ganhar “andamento” com os seus melhores ciclistas.
ASTANA TEAM
A equipa cazaque tem em Miguel Angel Lopez a grande referência e o seu homem para a geral individual. Há outro homem que pode ser o plano B , ou mesmo o A uma vez que Miguel Angel Lopez ainda não competiu este ano , que é Luis León Sánchez. O murciano vem de uma vitoria de etapa na volta à na sua “ terra natal “ e sabe o que é fazer primeiro lugar no Alto da Foia ( 2016)
BORA-HANSGROHE
Ainda não é este ano que Peter Sagan vem disfrutar do sol algarvio e os fãs portugueses da sua presença.
O campeão alemão Maximilian Schachmann apresenta-se como líder da equipa que tem em Jempy Drucker o homem apontado às duas etapas mais rápidas. Lennard Kamna pode ser umas das boas surpresas da Volta ao Algarve e pode aspirar a mais do que a camisola branca da juventude onde se apresenta como um dos grandes candidatos a vencê-la.
A equipa polaca volta ao Algarve reforçada. Greg van Avermaet e Matteo Trentin estão no lote de estrelas que irão percorrer as 5 etapas da prova portuguesa. Muito dificilmente podem discutir a geral individual, mas são homens para surpreender o pelotão e conquistar uma etapa para a CCC Team.
COFIDIS, SOLUTIONS CRÉDITS
Os franceses subiram ao escalão máximo do ciclismo e no Algarve a sua grande estrela é o campeão europeu Elia Viviani. O italiano é um dos grandes candidatos a vencer as chegadas a Lagos e a Tavira. Para o ajudar nessa difícil tarefa a Cofidis traz outro reforço da Deceuninck Quick Step , Fabio Sabatini.
A alcateia belga da Deceuninck-Quick Step começou o ano como terminou o anterior. A vencer em tudo o que são corridas. Com poucos dias de competição já triunfaram por 8 ocasiões e no Algarve o objetivo é continuar com a senda de vitórias. Para isso trazem uma das grandes figuras do pelotão internacional. Com apenas 20 anos Remco Evenepoel é um dos candidatos a vencer a Volta ao Algarve. Vuelta a San Juan deste ano já é dele. Mas a equipa não se resume apenas a Evenepoel. Há também o holandês Fábio Jakobsen para vencer o sprint e até o português João Almeida pode ter um papel de destaque.
GROUPAMA - F D J
A outra novidade é a etapa do Malhão. Passa para sábado e a distância entre as duas passagens pelo local da meta é encurtada pela exclusão da subida a Vermelhos. O objetivo é tornar a corrida mais agressiva logo na primeira passagem pela meta.
Os franceses não têm homens para a geral individual. Para a Volta ao Algarve o objetivo é levar Stefan Kung aos lugares cimeiros no contrarrelógio individual de Lagoa. O jovem Alexys Brunel pode lutar pela camisola branca.
ISRAEL START UP NATION
Os israelitas subiram ao escalão World Tour e reforçaram-se muito para a temporada 2020. Um desses reforços foi o irlandês Daniel Martin, uma presença habitual na Volta ao Algarve. Já ganhou no alto da Foia no ano 2017. É o homem apontado à geral individual. O alemão Nils Pollit (outro reforço) pode ser uma boa aposta para tentar vencer numa fuga vitoriosa.
LOTTO SOUDAL
Finalmente Tim Wellens vem ao Algarve e é a sua primeira competição na temporada. Normalmente Wellens vence logo no início do ano, mas no pais vizinho. Em boa forma podemos ver o homem da Lotto Soudal a subir a Foia e o Malhão com os melhores. A equipa belga vem com as duas maiores contratações para 2020. Philippe Gilbert que regressa a uma casa onde já foi muito feliz continua a sua preparação para o grande objetivo da temporada: Milan- San Remo. John Degenkolb muda de equipa e quer voltar rapidamente aos patamares próximos daquilo que já demonstrou. Em 2011 ganhou a segunda etapa com chegada a Lagos.
TEAM INEOS
Das últimas 6 edições da Volta ao Algarve 4 foram ganhas pelos britânicos. Duas vitorias para Geraint Thomas e outras tantas para Michał Kwiatkowski. Ambos estão presentes na Algarvia e estão no lote de favoritos. Depois ainda há Rohan Dennis, campeão do mundo de contrarrelógio e Jonathan Castroviejo, campeão espanhol da especialidade, para atacar forte o último dia em Lagoa.
TREK-SEGAFREDO
Os americanos da Trek-Segafredo apresentam-se no Algarve com uma equipa bastante equilibrada e com nomes que habitualmente associamos a bons resultados. Vincenzo Nibali é o maior reforço da equipa americana e é a principal figura na Volta ao Algarve. Ainda não competiu este ano por isso a sua prestação será uma incógnita. Bauke Mollema será o segundo nome mais conhecido da Trek-Segafredo. Acabou o ano 2019 em grande com duas vitórias: Il Lombardia e no Japan Cup Cycle Road Race. Jasper Stuyven é um “ habitué” nas estradas algarvias e pode ser uma boa aposta para surpreender os sprinters mais desatentos.
UAE TEAM EMIRATES
A equipa árabe traz Rui Costa como principal figura para a geral individual. O português deve ser ajudado nessa tarefa por Joe Dombrowski e Jan Polanc. Alexander Kristoff é o principal sprinter da equipa e Ivo Oliveira pode lutar por um top 10 nas etapas mais rápidas e discutidas em cima da linha de meta. Destaque para o tricampeão do mundo de contrarrelógio em escalão sub-23, o dinamarquês Mikkel Bjerg que aposta forte no último dia de prova.
ALPECIN-FENIX
A equipa belga vai estrear-se na Volta ao Algarve e o publico português vai ter o privilégio de ver ao vivo e a cores uma das maiores figuras do ciclismo mundial: Mathieu van der Poel. O holandês não tem como prioridade vencer a Algarvia, os seus objetivos são maiores, mas Poel não vai abdicar da sua condição de grande favorito. As subidas da Volta ao Algarve podem não fazer mossa e enquanto tiver força nas pernas Mathieu van der Poel é quase invencível.
CAJA RURAL-SEGUROS RGA
Os espanhois da Caja Rural tem em Jon Aberasturi o seu homem para as etapas de sprint. Depois os objetivos passarão pelas fugas, mostrar patrocínios e projetar novos ciclistas.
CIRCUS – WANTY GOBERT CYCLING TEAM
Habituados a outras corridas e a outros terrenos os belgas da Circus- Wanty Gobert tem em Xandro Meurisse a grande figura. O belga acabou de vencer de forma surpreendente a Vuelta a Múrcia e no Algarve quer continuar a ter boas sensações. Danny Van Poppel pode intrometer-se nos primeiros lugares nas etapas em sprint. O resto da equipa deverá andar nas fugas do dia e “mostrar a camisola”.
FUNDACIÓN – ORBEA
A equipa basca tem uma formação com nomes bem conhecidos dos adeptos portugueses. Alguns já aqui venceram provas e etapas. São o caso de Mikel Aristi , talvez o melhor nome da Fundación-Orbea venceu na Volta a Portugal de 2019 e Julen Irizar vencedor do GP Estrada N 2 no ano 2018. António Angulo mudou-se este ano da Efapel para a equipa espanhola.
Uno-X Norwegian Development Team
Os dinamarqueses eram uma equipa Continental em 2019. Este ano subiram de escalão fruto do bom desempenho de alguns jovens promissores. Tobias Foss , venceu a Volta a França do Futuro e rumou para a Team Jumbo-Visma, mas a formação continua com bons nomes. É o caso de Markus Hoelgaard, Torjus Sleen (contrarrelógio) e Andreas Leknessund.
EQUIPAS PORTUGUESAS CONTINENTAIS.
Todas as equipas portuguesas Continentais estarão presentes na Volta ao Algarve. São 8: Atum General /Tavira/ Maria Nova Hotel; Aviludo- Louletano, Efapel; Kelly / InOutBuild / UD Oliveirense; LA Aluminios; Miranda – Mortágua; Radio Popular Boavista; e W52- FC Porto.
A equipa da W52 – FC Porto é a melhor equipa nacional. Amaro Antunes está de regresso à equipa que o levou à vitória no Alto do Malhão e ao quinto lugar na geral individual. João Rodrigues, vencedor da Volta a Portugal 2019, quer repetir as boas exibições do ano anterior.
Nas outras equipas as hipóteses de sucesso são quase nulas. Na Volta ao Algarve às equipas Continentais portuguesas resta-lhes a visibilidade mediática da competição e as transmissões televisivas. Do conjunto apresentados pelos diretores desportivos português destacam-se: Vicente García de Mateos pelo Aviludo-Louletano , Tiago Machado e Luis Mendonça pela Efapel, Henrique Casemiro na UD Oliveirense ou João Benta e Luis Fernandes da Radio Popular Boavista.
As etapas (ver todos os perfis aqui )
Sobre o percurso já se disse o mais importante. São 5 etapas, duas com chegadas rápidas, duas com chegada em alto e um contrarrelógio individual. No total são 771 km. Mas há 3 boas novidades na edição deste ano. A chegada ao ponto mais alto do Algarve no segundo dia de prova (Foia) deverá ser um dos pontos decisivos para encontrar o vencedor final. São no total 15km com uma pendente média de 4,7%. Tal como o ano passado a subida é feita por Monchique o que significa um início menos agressivo e menos inclinado. Vantagem para os homens que sobem bem, mas que gostam pouco de forte inclinação. No entanto os ciclistas encontraram inclinações a rondar os 10% nalguns pontos da ascensão. Um grupo de 10 a 20 ciclistas deverá discutir a vitoria na etapa 2. A novidade está na difícil subida ao Alto da Pomba que este ano está apenas a 6km de Monchique e pode ser uma boa oportunidade para fazer uma boa seleção de ciclistas para a subida final à Foia.
Também há alterações no CRI. O local e o percurso são os mesmos, mas o CRI de Lagoa passa para domingo fazendo com que as grandes decisões da Volta ao Algarve só sejam conhecidas nos últimos metros de competição.
1ª etapa:19/02 – Portimão -Lagos (195,6 km ) PERFIL
MM
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