O atraso no processo de licenciamento por parte da Administração do Porto de Lisboa (APL) continua a adiar a entrada em funcionamento do sistema privado de aluguer de bicicletas que foi anunciado para março passado e depois para “maio ou junho”, disse ao Pedais.pt um dos responsáveis da empresa promotora.
O atraso, explicou João Rosa, da empresa SlowFastCycles, é da responsabilidade da APL – entidade que tem sob sua jurisdição os locais onde vão ser instalados os 12 postos onde se poderão recolher e depois entregar as bicicletas – que autorizou o sistema, mas ainda não entregou o “título” aos promotores para poderem avançar com o projeto.
Para tentar que o processo se concretize no mais breve prazo possível, a empresa já recorreu aos tribunais, onde meteu uma ação em Julho, mas que não teve ainda qualquer desenvolvimento, acrescentou João Rosa em entrevista ao Pedais.pt.
“Desde dezembro [de 2013] que a APL ficou de nos enviar o título, mas ainda não o fez nem explicou as razões do atraso”, acrescentou o empresário.
O Pedais.pt contactou a agência de comunicação que faz a assessoria de imprensa da APL para saber quais as razões do atraso, mas não obteve qualquer resposta por parte dos responsáveis daquela entidade pública que gere a zona portuária da capital.
O sistema deverá começar a funcionar com 300 bicicletas – que poderão aumentar até às 2000 – “três a quatro meses” depois da emissão do título definitivo por parte da APL, precisou João Rosa.
Entretanto, a empresa municipal EMEL, que gere o estacionamento automóvel na capital, anunciou recentemente que vai também avançar com um sistema de aluguer de bicicletas na cidade, de que se conhecerão pormenores até ao final do ano e tem entrada em funcionamento prevista para 2015.
“Irá fazer-nos alguma concorrência, mas nós não temos medo dela. Os sistemas até poderão ser complementares”, considera João Rosa.
As bicicletas da SlowFastCycles vão poder ser utilizadas junto à zona ribeirinha da capital, entre o Parque das Nações e a Fundação Champalimaud, em Algés.
Os velocípedes serão brancos, desenhados e fabricados em Portugal, num investimento inicial, incluindo o primeiro ano de funcionamento do sistema, de dois milhões de euros, embora com os atrasos os custos tenham também que ser reavaliados, lamenta o empresário, que não sabe ainda contabilizar os prejuízos que tem tido com o arrastar do processo
A génese do projeto é a montagem de um sistema de bike-sharing para vender pelo mundo e Lisboa vai ser a “montra”, onde será colocado a funcionar pela primeira vez.
O projeto, semelhante a outros sistemas já existentes em muitas cidades europeias, permite ao público usar uma bicicleta para andar por Lisboa a troco do pagamento de uma quantia que varia entre poucos cêntimos para utilizadores habituais e os 15 euros por um único dia.
As bicicletas vão estar distribuídas por estações localizadas em Santa Apolónia, no Terreiro do Paço, no Cais Sodré, junto ao bar Meninos do Rio, na Doca do Espanhol, na Doca de Santo Amaro (duas), na Estação Fluvial de Belém, na Doca de Belém, na Doca do Bom Sucesso (duas) e na Fundação Champalimaud.
Embora comece com 300 velocípedes, o sistema está planeado para poder aumentar até aos 2000 veículos, assim haja procura, acrescentou João Rosa, adiantando que o objetivo é alargar a zona de abrangência do sistema até Cascais, embora num longo prazo que calcula entre os cinco e os oito anos.
A distância entre a capital e aquela vila costeira é de cerca de 30 quilómetros e, apesar de existirem ciclovias junto mar em boa parte do percurso, nalguns casos não é possível, atualmente, a deslocação a pedal sem ser pela Estrada Marginal, uma das mais movimentadas do país.
As bicicletas com que vai arrancar o sistema são todas exclusivamente movidas pela força do ciclista, mas o desenho do quadro foi feito a pensar na instalação de um motor elétrico auxiliar se tal se vier a justificar, acrescentou João Rosa ao Pedais.pt.
Um dos alvos que o projeto pretende atingir são os muitos milhares de turistas que chegam a Lisboa em navios de cruzeiro, permanecendo na cidade apenas um dia. Neste caso, a bicicleta torna-se na forma mais fácil e barata de conhecer a zona Ribeirinha da cidade sem causar impacto ambiental.
A preocupação em causar o mínimo de poluição do ar ou ruído levou ainda a os responsáveis da empresa a optarem por veículos elétricos para transportar as bicicletas entre as 12 estações onde vão ficar estacionadas.
À exceção do sistema informático que vai gerir toda a estrutura e das trancas de fixação das bicicletas, produzidos na Holanda, os restantes componentes, incluindo as bicicletas, são fabricados em Portugal, garantiu João Rosa.
MM
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