Segunda Circular.
E as bicicletas, pergunta a MUBi.
A associação de promoção do uso da bicicleta MUBi considera que as alterações previstas para a Segunda Circular, em Lisboa, irão manter a via “exclusivamente para automóveis” e lamenta que pelo menos o troço entre o limite da via em Sacavém e o Campo Grande não inclua vias para velocípedes.
“O eixo composto pela Segunda Circular oferece, em diversos troços, o caminho ideal para deslocações [de bicicleta] na cidade. É o caso, por exemplo, de todo o percurso entre o limite Este da via e o Campo Grande, que proporcionaria, em termos de distância e declives, o acesso ideal ao centro da cidade a partir dos aglomerados populacionais de Sacavém, Prior Velho, Portela, Moscavide e Olivais, bem como do Aeroporto”, precisa um comunicado divulgado pela organização nesta quinta-feira.
O projeto da Câmara de Lisboa que pretende reconfigurar aquela artéria, estava em consulta pública até sexta-feira, 15 de janeiro, foi entretanto alargado até 29 de janeiro. Prevê a conclusão da obra até 2017 e um investimento de quase dez milhões de euros.
A Câmara de Lisboa elaborou um projeto para aquela via de atravessamento e a mais congestionada da capital que prevê a redução da velocidade dos atuais 80 para 60 quilómetros/hora e a arborização de uma faixa com 3,5 metros de largura entre os dois sentidos, alterando a via rápida da atualidade para uma espécie de alameda, alegando que isso vai proporcionar menos poluição atmosférica e sonora e a redução dos congestionamentos de tráfego diários nos dois sentidos da via.
O presidente da autarquia, o socialista Fernando Medina, já assegurou que, apesar das muitas críticas à proposta, as obras de renovação da via são para avançar.
Para além das objeções de natureza política surgidas dentro da Câmara, as críticas mais violentas ao projeto têm surgido do presidente do ACP, o maior clube de automobilistas do país, que ameaçou já com uma providência cautelar para impedir as obras.
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) também veio contestar as alterações, argumentando que as aves que o arvoredo que vai ser plantado na faixa separadora dos dois sentidos poderá vir a atrair aves que poderão pôr em causa a segurança das aeronaves que razão a Segunda Circular imediatamente antes de aterrarem no aeroporto da Portela.
Oposição de peso ao projeto surgiu da parte do ex-vereador do atual executivo da Câmara de Lisboa Fernando Nunes da Silva, que renunciou ao cargo de deputado municipal por discordar das alterações previstas.
A Segunda Circular tem uma extensão de cerca de dez quilómetros e liga o Itinerário Complementar (IC) 19, que começa próximo de Sintra e termina na Buraca, à auto-estrada do Norte A1), que une Lisboa ao Porto. Tem sempre um perfil com três vias em cada sentido, reforçado nalguns pontos com mais uma faixa em cada lado.
As alterações propõem-se reduzir o tráfego atual em 18,8 por cento, baixar o ruído para metade com a colocação de novo asfalto e poupar 60 por cento em eletricidade com a renovação do sistema de iluminação da via.
“A ausência de propostas deste projeto para a mobilidade a pé e em bicicleta mantém a 2ª Circular como uma barreira extrema para peões e ciclistas e é uma oportunidade perdida de melhoria” das condições de mobilidade e de contribuição para uma cidade mais sustentável, considera a MUBi.
Por outro lado, a associação “não acredita” que o projeto “seja uma prioridade face a outras intervenções mais urgentes na cidade, tendo em conta a relação custo-eficácia dos investimentos em causa”.
MM
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