Envolvendo grande tecnologia da indústria metal mecânica, a gancheira do tipo removível permite a rigidez que o câmbio necessita para transmitir as trocas de marchas perfeitas e ainda atua como uma peça estratégica!
Surgimento e função
Por se tratar de uma peça que surgiu juntamente com a evolução da bicicleta com desviador traseiro, a gancheira tem sofrido modificações de acordo com os quadros, desviadores e com os materiais disponíveis para a sua produção.As primeiras bicicletas não possuíam dropout removível.
Com isso, em alguns casos o quadro ou desviador eram condenados.
O crescente uso de ligas nobres de alumínio favorece os processos de experimentação, levando à popularização e a conceitos evoluídos.
É a tecnologia que cresce ao passo da necessidade.
As bicicletas utilizadas em esportes extremos, tais como Downhill, Enduro, All Mountain e Freeride sofrem grandes impactos.
Cada queda ocorrida ou pancada direta sobre o dropoutpor pedras ou raízes na trilha pode gerar algum dano ao equipamento.
Desviadores traseiros, por sua natureza construtiva, são suscetíveis ao impacto e poderiam transmitir o dano ao quadro.
Com o passar do tempo, os quadros de alumínio, titânio, carbono e até mesmo os de Cr-Mo construídos com maior capricho foram elaborados com este dispositivo removível.
As grandes marcas inseriram no mercado a ideia de o quadro possuir a parte frágil removível, desta forma, quebra-se uma pequena peça, salvando uma peça maior e mais importante para a bicicleta como um todo.
O dropout é o fusível do quadro da bicicleta no que diz respeito ao desviador traseiro.
Em alguns casos, os desviadores possuem funções extras, tais como as das bikes de mobilidade urbana e cicloturismo, que possuem furação para instalação de acessórios como bagageiro e/ou paralamas.
Tecnologia
O emprego da tecnologia nos componentes da bicicleta, inclusive sobre o dropout, é notável.Para que a peça possa ser produzida na indústria é necessário um projeto, um protótipo e a escolha adequada da liga de alumínio (matéria-prima), através de processos elaborados, para garantir a precisão nas dimensões e resistência da peça.
Atualmente, grande parte dos componentes das bicicletas é fabricada por processos complexos em maquinários fantásticos, como as fresadoras e tornos administrados por comando numérico computadorizado (CNC). O operador insere dados referentes às medidas, dadas como cotas e, desta forma, a ferramenta especificada no comando realiza a usinagem.
O processo é muito preciso, as peças são praticamente iguais, em caráter de precisão, perfeitas!
Produzindo
Os investimentos envolvendo qualquer tipo de produção de peças do segmento da bicicleta são elevados, pois o resultado deve ter uma qualidade e precisão padronizados.Na fábrica que visitamos, o empresário que realiza a maior parte do processo de fabricação é Luis A. Machado, que também é piloto de Downhill.
Ele alega que é importante avaliar antes de investir e também conhecer o produto final e os recursos do maquinário.
“Avaliamos o conjunto, pois a fresadora CNC que faz estas peças tem um valor alto. Parte deste processo é feito nesta máquina e a segunda parte é continuada em um torno CNC, assim, ganhamos tempo para produzir o material em escala.
Cada peça fica pronta em alguns minutos, então dividimos o custo operacional deste processo e as peças tem valores afixados”.
Processo de avaliação
Toda iniciativa nasce da necessidade.Dropout quebrado deve ser reposto!
Eis um belo motivo para que estas peças estejam disponíveis no mercado.
Embora seja simples deduzir isso, grande parte dos modelos de dropout ainda não é encontrada no Brasil.
Com a ausência do produto no mercado e/ou a demora pela importação, ocorre a alternativa de produzi-lo artesanalmente com um bom profissional; no entanto, seu custo se torna mais alto, justamente porque será empregado muito tempo de trabalho em cima de uma única peça.
Foi em uma situação como esta, de indisponibilidade da peça necessária, que o piloto Ricardo Oliveira, da Bike Village, começou a procurar por uma solução.
“Depois de quebrar a gancheira da minha bicicleta e perceber que não havia uma unidade a pronta entrega no Brasil, avaliei que havia apenas o caminho da espera pela importação ou fazer a peça artesanalmente.
Desta experiência, concluí que todo ciclista deveria ter esta unidade para reposição ao rápido acesso. A fabricação em escala, em processo de qualidade, garante esta solução ao público final, e assim tudo começou.
No momento trabalhamos com alguns modelos de gancheira para Downhill, e já estamos estudando a produção de mais modelos”.
Se uma peça dura, em média, um ano, ou se ela está sujeita a quebra por impacto, então, a disponibilidade da mesma no mercado deveria ser uma realidade. No entanto, isso não condiz com o Brasil.
O mecânico de bikes Juliano Spolidoro Milesi, o Kamikaze, durante entrevista à Revista Bicicleta, disse:
“O dropout atua realmente como um fusível, mas eu sempre achei necessário criar uma resistência maior a esta peça, para que ela não quebrasse tão facilmente.
Baseado em conhecimentos técnicos e experiência como piloto, cheguei à conclusão sobre o material para indicar.
Os pontos fixos e distâncias não alteramos, mas reforçamos em massa de material quando preciso e, principalmente, a escolha da liga, o que resulta diretamente em aumento da resistência.
Nós sabíamos que a gancheira da bike do piloto Adriano Cardoso, por exemplo, tinha uma propensão maior para quebrar.
O desenho da gancheira e a massa que envolve, inclusive a existência de um parafuso no meio da peça, tornava-a suscetível a quebra sempre no mesmo ponto.
Nós pensamos a respeito e chegamos a alternativas para melhorar esta resistência e, ao que parece, funcionou!”. Juliano também produz artesanalmente alguns modelos de gancheiras que se encontram indisponíveis no mercado.
O piloto Adriano Cardoso, que já utilizou outros quatro modelos de gancheiras, quebradas durante trilhas de Downhill, no período de um ano e meio testou o dropout brasileira e tirou suas próprias conclusões: “Este dropout é forte, quebra apenas com um impacto maior!
Estou colaborando como piloto de testes, mas o que mais me agradou foi a relação custo-benefício.
A peça fabricada no Brasil tem boa qualidade, custa menos e é mais resistente.
O que mais gostei mesmo é que ela não entorta, porque se a gancheira entortar, ela jamais ficará igual se você tentar colocar de volta no lugar”.
A produção de componentes em máquinas gerenciadas por comando numérico computadorizado (CNC) está cada vez mais rápida e precisa, resultando em peças de qualidade.
As competições de bicicleta dependem desta qualidade, assim como a satisfação do cliente que investe em seu esporte.
E, acima de tudo, encontrar a peça no mercado passa a ser a maior das necessidades, pois sem ela a bike não pode andar ou trocar marchas.
É sugestão que cada ciclista tenha esta peça de reserva em sua caixa de ferramentas ou na mochila em um passeio ou trilha.
Processo de produção passo a passo
1 - Tudo começa com bloco de alumínio, na primeira máquina de CNC.
2 - A ferramenta de usinagem em alta rotação se desloca sobre a matéria bruta para desenhar a peça.
3 - Aqui é possível ver que o alumínio removido deixa em alto relevo a primeira evidência de uma peça sólida com formato desejado.
4 - Dois modelos com a primeira face pronta. Ao fundo, paquímetro utilizado para as primeiras conferências dimensionais.
5 - Na segunda máquina CNC, usinagem da segunda face da peça.
6 - As peças prontas recebem acabamento superficial e protetivo, anodização ou pintura.
Na imagem, anodização preta ou natural.
7 - Os dropout prontos para o mercado brasileiro .
Saiba mais
www.bikevillage.com.
MM
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