Um português que receba o ordenado médio no país, 711 euros por mês, trabalhe a 15 km de casa e se desloque no carro particular, gasta com o automóvel 35 por cento do vencimento – 250 euros.
As contas foram feitas pelo engenheiro João Pimentel Ferreira, defensor da bicicleta como meio de locomoção diário, que as defendeu numa conversa com o Pedais.pt.
Ao todo, em Portugal, os 5,7 milhões de automóveis existentes, mais do que um carro por cada dois habitantes, têm um custo de 12 mil milhões de euros, 7 % do Produto Interno Bruto (PIB), o dobro do buraco do BPN, mais do que os juros que se pagam pela dívida pública e o mesmo que se gasta com as pensões pagas pela Segurança Social anualmente.
“Nesta altura há mais automóveis do que pessoas com trabalho, o que não deixa de ser estranho”, realça.
A acrescer a todos estes custos há ainda o impacto que o uso do carro tem na redução da velocidade a que os seus utilizadores se deslocam, numa perspetiva virtual. João Sampaio Ferreira acrescenta à fórmula de cálculo as horas que cada automobilista tem que pagar diariamente para pagar o automóvel em que se desloca, e que são é média três horas diárias.
Deste modo, além do tempo consumido na deslocação em meio urbano de 15 km para cada lado, e que dá a média de uma hora, se lhe forem somadas as horas que o proprietário tem que trabalhar para o pagar, a velocidade virtual baixa para 7,5 km/hora, o que é pouco mais rápido do que andar a pé e muito menos do que a deslocação numa bicicleta, acrescenta o engenheiro eletrónico e dirigente da associação de promoção do uso da bicicleta MUBi.
Esta realidade “é uma irracionalidade extrema”, considera o técnico, atualmente a residir na Holanda.
“Há várias formas de mobilidade, e há centenas de meios de transporte entre dois determinados locais, o automóvel é apenas um deles, e não deixa de ser estranho que é aquele que é amplamente mais ineficiente do ponto de vista energético (acha mesmo normal alocar a força de 90 cavalos para puxar uma pessoa?), sendo o meio de transporte também, que traz mais consequências negativas para o bem comum, como poluição sonora e do ar, sinistralidade e ocupação de espaço público”, escreveu João Ferreira no seu blogue, onde explica os verdadeiros encargos que os automobilistas têm que suportar, muitas vezes sem fazerem as contas.
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MM
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